No começo do último dia eleições presidenciais da Rússia que acontece neste domingo (17), a participação total da população na votação já havia superado o último pleito, de 2018. De acordo com a Comissão Eleitoral Central, a participação até às 16h30 (10h30, no horário de Brasília) era de 70,8%.
A votação foi realizada de forma híbrida, tanto presencialmente, com cédulas de papel ou de forma eletrônica, quanto de forma remota, com o voto online. No começo da tarde, mais de 7,74 milhões de cidadãos (aproximadamente 6,89% do número total de eleitores no país), haviam participado do pleito utilizando o sistema de Votação Eletrônica Remota. Assim, os números parciais do começo deste domingo ultrapassaram a presença total que houve em 2018.
Pela primeira vez as eleições presidenciais russas foram realizadas durante três dias, de 15 a 17 de março, e pela primeira vez foi usado o sistema de Votação Eletrônica Remoto, disponível em 29 regiões da Rússia. As eleições de 2018 ocorreram em um dia. De acordo com a Comissão Eleitoral Central, o número de eleitores na Rússia em 1º de janeiro de 2024 havia aumentado em 4,12 milhões de pessoas em seis anos.
A votação também foi marcada por uma espécie de manifestação voto de protesto contra o presidente russo, Vladimir Putin. Na ausência de uma opção real da oposição que possa concorrer com o atual mandatário - as únicas candidaturas contra a guerra da Ucrânia, Boris Nadezhdin e Ekaterina Dunstova, foram barradas da disputa pela Comissão Eleitoral Central -, houve uma presença combinada entre os críticos de Putin para comparecer ao mesmo tempo nas zonas eleitorais.
Longas filas se formaram nas zonas eleitorais durante o "meio-dia contra Putin". Embora ocorressem no horário marcado, não foi possível confirmar se todos os eleitores presentes participavam do "protesto silencioso", considerando que manifestações não autorizadas pelas autoridades são proibidas na Rússia. A manifestação foi realizada em diversas regiões da Rússia, com maior adesão em Moscou e São Petersburgo. O ato também aconteceu nas zonas eleitorais em embaixadas e consulados da Rússia ao redor do mundo.
Enquanto representantes da oposição russa e veículos de mídia independente, alguns classificados pelo Kremlin como "agentes estrangeiros", destacaram uma "alta participação" no "protesto silencioso", as agências de notícia estatais não mencionaram a convocação e citaram longas filas como grande adesão dos cidadãos ao pleito. "Uma fila de mais de 350 pessoas querendo votar nas eleições presidenciais pode ser vista do lado de fora do Consulado Russo em Istambul. A alta atividade eleitoral também é perceptível em Antalya, na Turquia - a fila de eleitores se estendia por mais de 150 metros", escreveu a agência Ria Novosti em seu canal do Telegram.
Putin: rumo ao 5º mandato
As eleições presidenciais russas vêm sendo encaradas como um processo de confirmação da autoridade de Putin. Nenhum dos atuais candidatos representa uma oposição forte ao governo e tem chances reais de chegar ao segundo turno. Os concorrentes de Putin não apresentam críticas contundentes ao mandatário e, em linhas gerais, defendem a "operação militar especial" na Ucrânia.
A permanência do conflito ucraniano impele o Kremlin a demonstrar que há normalidade e estabilidade política no país, além de confirmar um alto índice de aprovação de Putin. Outros três candidatos disputam o cargo: Vladislav Davankov, do Partido Novo Povo, Leonid Slutsky, do Partido Liberal Democrata, e Nikolai Kharitonov, do Partido Comunista. Apenas Davankov, político mais jovem e de um partido novo, adota um tom mais moderado em relação à guerra, defendendo negociações para resolver o conflito, mas destacando que essas negociações deveriam acontecer "sob as condições da Rússia".
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa de Opinião Pública da Rússia (Vtsiom), divulgada na última segunda-feira (11), Putin tem 82% das intenções de voto. Nikolai Kharitonov e Vadislav Davankov têm 6% e Leonid Slutsky, 5%.
Com a vitória tida como certa, o presidente russo assumirá o seu quinto mandato no país. De acordo com a atual Constituição, alterada por referendo em 2020, Putin ainda tem direito se reeleger nas eleições seguintes, podendo ficar no poder até 2036.
Edição: Lucas Estanislau