O comício do presidente João Goulart na Central do Brasil completa 60 anos nesta quarta-feira (13). Durante o ato, Jango fez um discurso histórico em defesa das chamadas reformas de base que prometiam uma mudança social profunda no Brasil.
Para marcar a data, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) realizou um evento com a presença de familiares de João Goulart e Leonel Brizola, parlamentares, movimentos sociais, estudantis e sindicais na tarde de hoje.
Além da solenidade, houve o lançamento da exposição “Rio 64 – a capital do golpe” que permanecerá em cartaz até o dia 13 de abril na sede da ABI, localizada na Rua Araújo Porto Alegre 71 – 9° andar, no centro do Rio.
De acordo com a organização, a mostra traz uma representação iconográfica dos principais acontecimentos que culminaram no golpe na madrugada do dia 1° de abril e o contexto histórico e cultural da época. Simultaneamente à inauguração da exposição física, será lançada a versão virtual no site Rio Memórias.
Momento histórico
O comício na Central do Brasil foi organizado pelo Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) - que junto ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e a Frente de Mobilização Popular (FMP), formada por diferentes entidades sindicais e de representação de categorias, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e as correntes mais à esquerda do PTB -, apoiava e pressionava João Goulart para adotar uma agenda de mudanças sociais, em momento de forte oposição no Congresso Nacional e de dificuldade de articulação política, inclusive com aliados e ex-apoiadores.
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Em sua fala, o presidente tratou das reformas de base, em especial da reforma agrária; da diminuição dos valores dos alugueis; do decreto permitindo a desapropriação de terras para reforma agrária na faixa de 10 quilômetros às margens de rodovias, ferrovias, açudes e barragens assinado; e do decreto transferindo para a União o controle das refinarias de petróleo de Ipiranga (RS) e Capuava (SP).
“Hoje, com o alto testemunho da Nação e com a solidariedade do povo, reunido na praça que só ao povo pertence, o governo, que é também o povo e que também só ao povo pertence, reafirma os seus propósitos inabaláveis de lutar com todas as suas forças pela reforma da sociedade brasileira. Não apenas pela reforma agrária, mas pela reforma tributária, pela reforma eleitoral ampla, pelo voto do analfabeto, pela elegibilidade de todos os brasileiros, pela pureza da vida democrática, pela emancipação econômica, pela justiça social e pelo progresso do Brasil”, disse Goulart em um dos trechos do discurso realizado para mais de 200 mil pessoas.
Seis dias depois do comício da Central do Brasil viria uma resposta ao ato no Rio, às decisões tomadas naquele dia e às reformas de base. Entidades como a Sociedade Rural Brasileira, Fraterna Amizade Urbana e Rural, a Campanha da Mulher pela Democracia e a União Cívica Feminina promoveram na Praça da Sé, em São Paulo, a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”.
Em 1° de abril de 1964 foi instalada a ditadura civil-militar no Brasil derrubando o governo democraticamente eleito de Jango. Por 21 anos o país esteve sob o comando dos militares marcando um período de censura à imprensa, perseguição, tortura, mortes e restrição aos direitos políticos.
*Com informações da Agência Brasil e Memória EBC.
Edição: Jaqueline Deister