O presidente Joe Biden afirmou que vai sancionar uma lei que poderia levar à proibição da rede social TikTok nos Estados Unidos. O projeto passou na sexta-feira pelo Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos Deputados e o presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, também já declarou apoio ao texto.
Não é a primeira vez que o TikTok é alvo de debates e ações políticas nos EUA. Durante o governo do republicano Donald Trump, o ex-presidente chegou a afirmar que o aplicativo representava uma “ameaça à segurança nacional” e à privacidade dos dados dos cidadãos do país.
Em 2020, ele chegou a assinar uma ordem executiva exigindo que as operações do TikTok nos EUA fossem vendidas para uma empresa estadunidense. Mas nos primeiros meses de governo, Biden, que agora quer banir o aplicativo, revogou a decisão.
No entanto, Trump parece ter mudado de opinião em relação ao TikTok agora que não está ocupando a Casa Branca. Nesta segunda-feira, em uma entrevista à emissora CNBC e respondendo aos comentários de Joe Biden sobre a nova lei que está na Câmara, o ex-presidente disse que “sem o Tiktok você torna o Facebook maior” e completou afirmando que considera o Facebook “um inimigo do povo”. Na mesma entrevista, Trump disse ainda que “há muitas pessoas no TikTok que amam o aplicativo, há muitos jovens que amam o TikTok e que ficariam loucos sem ele”.
Steve Bannon, ex-braço direito de Trump, não acha que essa mudança de opinião aconteceu sem motivo. Em uma rede social, o guru da extrema-direita compartilhou uma notícia sobre a mudança de posição do republicano com a legenda: “simples: Yass Coin”. Bannon se referia a Jeff Yass, um bilionário e doador do Partido Republicano. Na semana passada, Trump recebeu Yass em sua casa, em Mar-a-Lago. O bilionário é dono de 15% da ByteDance e poderia ser prejudicado com uma possível proibição do TikTok nos EUA. Trump, no entanto, nega que eles tenham tratado do tema.
Esse é mais um episódio da longa saga entre políticos estadunidenses e a plataforma chinesa, a mais popular entre crianças e jovens do país. Só nos Estados Unidos, aproximadamente 170 milhões de pessoas usam o TikTok. O FBI e a Comissão Federal de Comunicação alegam que a dona do TikTok, a ByteDance, poderia - e até mesmo seria obrigada, em determinadas casos - a compartilhar dados dos estadunidenses com o governo chinês. Representantes da empresa negam.
Além disso, as redes sociais voltam a ser tema de debate às vésperas da eleição presidencial nos EUA, principalmente após o precedente aberto pela empresa Cambridge Analytica, que segundo investigação dos jornais Guardian e New York Times foi responsável por influenciar em benefício de Trump os resultados eleitorais de 2016.
Edição: Lucas Estanislau