Em discurso na cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) nesta sexta-feira (1), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que é necessário "agir com rapidez" em relação à situação de violência enfrentada pelo país e enfatizou que a questão não é apenas de segurança, "mas sobretudo de desenvolvimento".
"A cada dia em que os combates prosseguem, aumenta o sofrimento humano, a perda de vidas e a destruição de lares no Haiti. Precisamos agir com rapidez para aliviar o sofrimento de uma população dilacerada pelo caos social. Há anos o Brasil vem dizendo que o problema do Haiti não é só de segurança, mas sobretudo de desenvolvimento", disse Lula.
O acordo para o envio de tropas policiais do Quênia para o Haiti foi assinado nesta sexta-feira (1), segundo um comunicado assinado pelo presidente queniano, William Ruto. O chefe de Estado africano e o primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, em visita à Nairóbi, "conversaram sobre as próximas etapas para permitir uma aceleração do destacamento" dos militares, diz o texto. "Aproveito esta ocasião para reiterar o compromisso do Quênia em contribuir ao sucesso desta missão multinacional. Pensamos que se trata de um dever histórico, uma vez que a paz no Haiti é boa para o mundo como um todo", afirmou Ruto no comunicado.
Os termos do acordo foram estabelecidos entre delegações do Quênia, dos Estados Unidos e do Haiti, que se reuniram em Washington nos dias 13 e 14 de fevereiro, onde definiram os termos do acordo de reciprocidade entre Haiti e Quênia, exigido pelo Tribunal Constituição do país africano. Uma decisão da justiça queniana barrou o envio das tropas ao Haiti no final de janeiro. A missão internacional da ONU liderada pelo Quênia terá o apoio de outros cinco países. Bahamas, Bangladesh, Barbados, Benin e Chade comprometeram-se a enviar forças de segurança para o Haiti, anunciou na quinta-feira (29) Stephane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU.
O Haiti, o país mais pobre da região, enfrenta uma crise humanitária crônica, agravada pelo terror semeado pelas gangues que controlam porções inteiras de seu território e por protestos exigindo a saída do primeiro-ministro Ariel Henry.
O primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne, anunciou durante a Caricom que Henry aceitou "compartilhar o poder" com a oposição como parte de um acordo que abre caminho para eleições dentro de um ano. "Não se trata apenas de ter um grupo provisório de partilha de poder para governar o Haiti, mas sim das questões de fortalecimento institucional, restauração da máquina eleitoral, das instituições democráticas e, ao mesmo tempo, fixar uma data firme, possivelmente dentro dos próximos 12 meses, para as eleições presidenciais", afirmou.
Edição: Matheus Alves de Almeida