A partir de uma percepção de mudança na conjuntura com a eleição de Lula em 2022, o engenheiro agrônomo Guilherme Mazer (PT) acredita que há uma abertura para mudar os rumos da prefeitura de Ponta Grossa, cidade localizada no Paraná, considerada como certame de embates duros contra o conservadorismo.
"A ideia é o PT protagonizar contra essa lógica neoliberal de não querer governar para que os entes privados façam a gestão pública", afirma o pré-candidato de 37 anos, que possui mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável.
Caso a esquerda na cidade seja exitosa, romperia um jejum de 20 anos após quatro prefeituras governadas, na sequência, por PSDB, PPS (duas vezes) e, atualmente, PSD. "Mudando a conjuntura nacional, abre espaço para o campo popular quebrar essa continuidade", acredita Mazer.
Em contraposição a hegemonia local, o petista vem da experiência de militância em solidariedade ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que tem um polo importante localizado nos arredores da cidade, o conhecido acampamento e futuro assentamento Emiliano Zapata.
Para o páreo, Mazer traz a experiência como vereador do Mandato Coletivo do PSOL, representado hoje pela professora Josi Kieras,como titular, ao lado de Ana Paula de Melo e João Luiz Stefaniak. É a única legislatura de esquerda hoje entre 19 nomes na Câmara do município.
Em 2023, Mazer deixou o mandato, um rompimento sem traumas ou pontas soltas, de acordo com ele. O candidato afirma inclusive que contribui com o coletivo com o qual atuava. Faz um balanço positivo de sua atuação no legislativo, em que pesem os limites de um mandato institucional. Também orgulha-se da possibilidade de ampliação da representação, capilaridade e divisão de tarefas possível no interior de um mandato coletivo.
"Os partidos perderam força enquanto representação coletiva, e o representante eleito vocalizava a posição do partido. Então, um mandato coletivo reflete um novo coletivo maior", reflete.
Pautas
Mazer filiou-se ao PT. Fala agora em "fortalecer o campo popular" com suas pautas e construções, sobretudo com políticas de soberania alimentar. Defende alinhamento ao governo Lula para a execução de políticas nos municípios.
Ele denuncia a desorganização atual dos serviços públicos no perímetro urbano de Ponta Grossa. Aponta a necessidade do tarifa zero e critica a privatização e terceirização de determinados serviços. "Temos hoje uma taxa de lixo das mais caras do Brasil devido à privatização da coleta e tratamento. Queremos a municipalização dos serviços essenciais, baseado (no caso do lixo) em experiências como as de Maringá", afirma.
Considera também a pauta de moradia importante. Hoje, Mazer estima a demanda reprimida em Ponta Grossa em 20 mil famílias. Na cidade, atuam movimentos populares, com ocupações recentes, caso da Frente Nacional de Lutas (FNL), integrante de mesas de negociação da campanha Despejo Zero.
Perspectivas
O PT governou a cidade uma vez, entre 2001 a 2004, com Péricles de Mello. Mazer recorda seu nome e outros políticos históricos, como Padre Roque. "Ponta Grossa é uma cidade que têm movimentos sociais ativos, 34,91% dos votos do Lula contra Bolsonaro", elenca.
Ele equipara sua perspectiva à da campanha de Guilherme Boulos em São Paulo, unindo demandas populares e investimento em tecnologia e infraestrutura.
“Que as pessoas tenham acesso a uma cidade moderna. Como a China, que apresenta várias experiências inovadoras, desenvolvimento econômico, mas o fruto do desenvolvimento tem que ser distribuído em serviços para a maioria da população. Uma cidade que seja bonita, bem cuidada, com lazer, cultura e esporte, o que é para toda a população, não só para os setores econômicos”, orienta.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Lucas Botelho