Transporte público

Sindicato e especialistas criticam plano de Ibaneis Rocha de acabar com cobradores de ônibus no DF

Críticos afirmam que ação pode deixar sistema mais demorado e perigoso, além de aumentar evasão nas catracas

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
O DF conta com mais de 5 mil pessoas trabalhando como cobradores de ônibus - Carlos Gandra e Renan Lisboa/CLDF

Mais de cinco mil trabalhadores que atuam como cobradores de ônibus no Distrito Federal estão com seus empregos em risco, em razão de um estudo para retirada dessa função pela Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob).

O anúncio foi feito pelo próprio governador Ibaneis Rocha (MDB), que espera economizar 20% com as demissões. O Sindicato dos Rodoviários do Distrito Federal (Sittrater-DF) contesta a decisão.

Em discurso na tribuna da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), no dia 1 de fevereiro, Ibaneis reconheceu que o transporte público do DF não é bem avaliado pela população e ao apresentar soluções para melhorias falou do estudo sobre o corte dos cobradores.

"É uma discussão que está sendo tomada com todas responsabilidade, com o sindicato sentado à mesa, com a garantia do emprego para essas pessoas dentro das empresas", declarou o governador.

Presidente do Sittrater-DF, João Jesus negou que o governo tenha chamado a categoria para qualquer diálogo sobre o corte dos cobradores. O presidente também chamou atenção para a contradição no discurso do governador, que falou em redução de 20% com a retirada dos cobradores e ao mesmo tempo defendeu a permanência dos mesmos dentro das empresas de ônibus.

"Se os empregos serão preservados, é evidente que o custo permanece", argumentou João Jesus. "Nós temos, evidentemente, uma posição divergente dessa anunciada pelo governador, porque o sistema [de transporte] perde muito com a retirada do cobrador e essa economia não ê real."

O presidente da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana da CLDF, deputado Max Maciel (PSOL), disse que o sistema de transporte público do DF vive um "colapso", mas os caminhos que ele e especialistas defendem não passam pelas demissões de cobradores de ônibus. "No modelo de BRT, por exemplo a bilhetagem é externa, mas a figura daquela pessoa pode migrar para outras funcionalidades, como suporte a pessoa com mobilidade reduzida", afirmou, destacando que a maior partes dos ônibus do DF não funcionam como BRT.

Prejuízos ao sistema

A partir de experiências de outras cidades brasileiras que retiraram os cobradores, o presidente o Sittrater-DF argumentou que existem vários prejuízos ao sistema de transporte. "Nós vamos apresentar vários argumentos contrários, mas posso adiantar que essa retirada impacta no trabalho do motorista, porque ele passa a ser a pessoa responsável pela cobrança dos passageiros. Isso implica em uma demora maior no embarque e no desembarque”, argumentou.

Ainda segundo o presidente do Sittrater-DF, a medida pode acarretar em um aumento dos acidentes, pois o motorista terá que dividir a atenção entre o trânsito e a cobrança das passagens. "Essa medida também aumenta a evasão de receitas do sistema, porque sem a presença de cobradores a utilização sem pagamento cresce substancialmente, como já vimos em outras experiências", acrescentou João Jesus.

Apesar do anúncio do governador, até está quarta-feira (21) a Secretaria de Transporte e Mobilidade disse que não "há previsão de conclusão dos estudos". Em nota, a Semob diz que ainda que: "os técnicos da Pasta estão estudando a diminuição de custos e a ampliação dos meios de pagamento no sistema". O Brasil de Fato DF questionou a Semob sobre os possíveis prejuízos ao sistema, mas não foi respondido.

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Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Márcia Silva