Acidente

Mais de 200 pessoas já foram resgatadas de mina que matou 16 ao desabar na Venezuela

Governador do estado de Bolívar disse que os trabalhos vão durar cerca de um mês, mas pode ser prorrogado

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Cerca de 1.500 funcionários estão atuando nas buscas com apoio de helicópteros na região - Pableysa OSTOS / AFP

O governador do estado de Bolívar, Ángel Marcano, disse nesta sexta-feira (23) que 208 pessoas já foram resgatadas da mina de ouro que desabou em La Paragua, sudeste da Venezuela. Segundo ele, ainda são contabilizados 16 mortos e outros 16 feridos. O acidente foi registrado na terça-feira. Chamada de Bulla Loca, a mina estava a 750 km da capital Caracas.

De acordo com Marcano, as operações no local sempre foram ilegais. Disse que Bolívar continuará sendo um Estado minerador, mas que é importante garantir a segurança dessa atividade tanto para as pessoas quanto para o meio ambiente. Ainda segundo ele, a política no Arco Minero passou a regularizar algumas minas e levar a atividade para lugares que não poluam rios venezuelanos.

A região do Arco Minero tem quase 112 mil quilômetros quadrados com reservas de ouro, diamante, ferro, bauxita, cobre e coltan. La Paragua também é uma zona de terras indígenas.

O governador já havia dito que "um grupo considerável" de pessoas "trabalhava por iniciativa própria para buscar sustento para suas famílias, mesmo que não tivessem autorização para essa atividade". Ainda segundo ele, o fato de a mina ser ilegal impede que as autoridades tenham uma referência sobre quantas pessoas  de fato trabalhavam no local. 

O deslizamento foi registrado às 15h (horário local) de terça-feira. O local é de difícil acesso para as equipes de buscas e dificultam a atualização sobre o número de mortos e feridos. Segundo o jornal venezuelano TalCual, a mina de Bulla Loca começou a funcionar na metade de 2023 de maneira ilegal.

O presidente Nicolás Maduro destacou a Força-Tarefa Humanitária Simón Bolívar para ajudar nas buscas. O grupo de elite tem cerca de 1.500 funcionários. O chefe do Executivo também se solidarizou com os familiares das pessoas falecidas. 

Moradores de La Paragua reuniram-se na quinta para pedir a continuidade das buscas e agilidades nos resgates. Segundo os moradores, há mais desaparecidos do que os 16 mortos indicados pelo governo do estado de Bolívar.

O governador de Bolívar afirmou também que mineração ilegal funciona há anos na região e que a falta de registro dificulta ações preventivas para essas minas. Ainda segundo ele, há 100 funcionários do Sistema Nacional de Riscos atuando para identificar outras regiões possivelmente afetadas. Marcano disse que os trabalhos vão durar cerca de um mês, mas pode ser prorrogado.

Ao longo dos últimos três dias, o número de mortos foi uma questão de discussão entre as autoridades locais. O prefeito de La Paragua chegou a dizer que havia ao menos 30 mortos do deslizamento. Na quarta, o próprio governador já havia falado em 25 mortes e, no dia seguinte, atualizou o número para 16. 

“Tenho que dar à opinião pública a realidade. O número que chegou até agora é de 16 mortos. Os helicópteros foram procurar os feridos e mortos, quando chegaram não encontraram nada”, disse Marcano.

O governador regional anunciou que fará reuniões com garimpeiros da região para "organizar" sua atividade.

Esse é o terceiro incidente envolvendo minas venezuelanas em quatro meses. Em dezembro de 2023, uma mina ilegal na região de San José de Wadamapana cedeu. No incidente, 12 pessoas morreram e uma ficou desaparecida. Um deslizamento em 12 de novembro foi registrado em outra mina venezuelana, mas não houve mortes.

Segundo a AFP, as Forças Armadas contabilizaram no ano passado cerca de 14 mil garimpeiros ilegais expulsos do Parque Nacional Yapacana, localizado no Amazonas.

*com informações da AFP

Edição: Rodrigo Durão Coelho