Venezuela e Rússia

Chanceler russo critica 'roubo' de avião venezuelano pelos EUA e sanções em Caracas

Serguei Lavrov de encontrou com o ministro das Relações Exteriores da Venezuela e também reforçou o acordo de Barbados

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Maduro e Lavrov discutiram as relações bilaterais entre os países e cooperação em áreas estratégicas no Palácio Miraflores - Prensa Presidencial

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, se reuniu nesta terça-feira (20) com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro e o chanceler venezuelano, Yván Gil, em Caracas. Em declaração após o encontro, Lavrov e Maduro falaram sobre as relações entre os países e questões geopolíticas que atingem a Venezuela. 

O russo criticou a apreensão do avião venezuelano pelos Estados Unidos. Chamou a atitude de “violação flagrante do direito internacional” e disse que a Venezuela já sofre com sanções dos EUA e dos países “satélites”. O chanceler venezuelano também criticou o que chamou de “roubo” do avião. Disse que foi um ato de “pirataria internacional” e reforçou que não há justificação jurídica.

“[O avião] Ficou na Argentina, mesmo que a Emtrasur tenha mostrado todas as posições do avião, a legalidade da sua operação, de levar insumos alimentares, médicos e de atendimento primário à população. A movimentação colocou a segurança aeronáutica da região em risco, violando espaços aéreos de alguns países por onde passou”, disse.

O avião da estatal venezuelana Emtrasur estava retido no aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires desde junho de 2022 por um tratado de cooperação judicial entre a Argentina e os EUA. A aeronave deixou a capital argentina em 12 de fevereiro e chegou em Miami, nos Estados Unidos. O chanceler chamou de “risco” a manobra de desligar o sistema de identificação aéreo para passar por alguns trechos.

Ainda segundo ele, essa “é uma demonstração até onde pode chegar os EUA no seu afã de agredir a Venezuela e até onde pode chegar o governo do [presidente Javier] Milei, que violou todas e cada uma das normas internacionais em matéria de aeronáutica civil e de proteção jurídica a nossa empresa”.

Lavrov também se reuniu com a vice-presidente Delcy Rodríguez. Os dois inauguraram um monumento ao poeta russo Alexánder Pushkin e falaram sobre questões estratégicas, de cooperação farmacêutica, além da instalação de uma fábrica de insulina com transferência de 100% da tecnologia russa.  

Sanções e acordo de Barbados

Os chanceleres reforçaram a relação e cooperação entre os países. Yván Gil disse que a aliança com a Rússia, países do Brics, incluindo o Brasil, foram fundamentais para a melhora na economia venezuelana, mesmo com as sanções impostas pelos Estados Unidos.

Outro assunto abordado foi o acordo de Barbados. Lavrov reforçou o acompanhamento das ações do governo e oposição sobre o documento. Segundo ele, o governo russo vai continuar estimulando as negociações entre governo e oposição na Venezuela, além de contribuir com o Estado venezuelano. O russo criticou o bloqueio dos EUA e chamou as sanções “de métodos ditatoriais” e de “ilegais”. 

O governo e a oposição assinaram em outubro de 2023 um acordo em Barbados para definir um cronograma e questões técnicas para as eleições de 2024. A reunião entre as duas partes definiu que o pleito será realizado no segundo semestre, mas ainda não há uma data definida. O acordo também estabeleceu que União Europeia, ONU (Organização das Nações Unidas) e o Centro Carter enviarão missões de observação para acompanhar a votação.

Ainda de acordo com o chanceler venezuelano, o país experimenta um crescimento econômico, mesmo com as sanções. “A maioria dos países condena as sanções e à medida em que mudamos nossa balança, nosso intercâmbio com outros países e com outras moedas, vemos surgir uma nova economia, um novo comércio."

Segundo Lavrov, a Venezuela é um dos “amigos mais próximos” da Venezuela na região.
 

Edição: Rodrigo Durão Coelho