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Eleições 2024: Fortalecer o PT para ‘libertar’ Lula do Centrão

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PT 40 anos
Lula lembrou ainda da necessidade de que o partido volte a ser um pouco como era no começo - Joka Madruga
As eleições municipais devem repetir uma polarização ideológica similar a que ocorreu em 2022

As eleições municipais de 2024 acontecerão em um cenário ainda marcado pela polarização política, com a tentativa de rearticulação da extrema direita e, ao mesmo tempo, as dificuldades do governo Lula em superar os obstáculos na Câmara de Deputados para garantir as promessas populares feitas durante a campanha presidencial de 2022.

As eleições municipais também incidem na acumulação de forças para o pleito eleitoral de 2026.

Neste sentido, é inegável o traço nacionalizado da atual disputa eleitoral, principalmente nas capitais e regiões metropolitanas.

Resolução do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) indica, com nitidez, os desafios políticos postos nas eleições municipais vindouras. Diz o texto:

“Somos um partido nacional, temos um projeto para o país, com desafios que envolvem o conjunto do Estado brasileiro e elegemos Lula para a presidência da República nas eleições mais adversas da nossa história. As eleições municipais de 2024 acontecerão nesse contexto histórico, em que precisamos fortalecer o PT e a esquerda brasileira, consolidar uma forte Frente Democrática e Popular no país para implementar nosso Programa de Reconstrução e Transformação do Brasil, com políticas estruturantes e transformadoras nos municípios brasileiros”.

Neste sentido, é essencial a construção de um projeto político e eleitoral que tenha como escopo a continuidade do governo democrático e popular representado pelo Presidente Lula e pelo PT, vitorioso nas urnas em 2022. “É fundamental, neste processo eleitoral de 2024, estimular candidaturas próprias do PT, bem como a construção de alianças partidárias com o campo democrático e popular, cujo centro tático é a defesa do projeto democrático popular e do governo Lula. O PT, como o maior partido de sustentação desse projeto estratégico para o povo brasileiro, deve liderar esse processo de construção”, orienta a resolução partidária.

O PT, no curso da batalha eleitoral, deve apresentar para o eleitorado uma agenda antineoliberal, apontando a ligação entre os problemas locais com as questões nacionais que entravam e sufocam o desenvolvimento dos municípios: a herança da EC 95 – teto dos gastos, as privatizações e as precarizações dos serviços públicos, as demandas por mais investimentos no SUS, priorizando os territórios periféricos; a garantia da manutenção dos Fundos, como o Fundeb – financiamento do ensino básico e creches -; o Fundo de Participação dos Municípios (FPM); implementar o Orçamento Participativo, com a participação popular; a adoção gradual da tarifa zero nos transportes e a criação de frotas públicas nas capitais e regiões metropolitanas; entre outras demandas de inclusão e desenvolvimento econômico. Ou seja, humanizar e democratizar a vida nas cidades.

O presidente Lula, na Conferência Eleitoral do PT realizada no mês de dezembro de 2023, avaliou que “a disputa eleitoral [eleições municipais] deverá repetir uma polarização ideológica similar a que ocorreu nas eleições de 2022. A gente vai ter que mostrar que nós queremos exercitar a democracia, vamos fazer as eleições mais competitivas possíveis, mas a gente não vai ter medo de ninguém”, afirmou.

Lula lembrou ainda da necessidade de que o partido volte a ser um pouco como era no começo, “para reconquistar credibilidade”, pedindo “a retomada de um trabalho de base diretamente nas comunidades, ouvindo o povo, os trabalhadores”.

 

*É jornalista e escritor. Colabora em diversas mídias progressistas e de esquerda. É o autor dos livros ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT’ (2019), ‘A Saída é pela Esquerda’ (2020), ‘Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil’ (2021) e de ‘Brasil Sem Máscara – o governo Bolsonaro e a destruição do país‘ (2022) — todos pela Kotter Editorial. É militante do Partido dos Trabalhadores (PT), em Curitiba. Faz Pós-graduação em Ciência Política.

**As opiniões expressas nesse texto não representam necessariamente a posição do jornal Brasil de Fato Paraná

 

Edição: Pedro Carrano