Candidata à presidência dos Estados Unidos em 2024 pelo Partido pelo Socialismo e Libertação, a ativista Claudia de la Cruz afirmou que é preciso reforçar a mobilizção para garantir a liberdade de Julian Assange e impedir um processo de extradição aos EUA.
"Como estadunidenses, temos uma responsabilidade com Julian. Precisamos fortalecer nossas campanhas para garantir a liberdade dele e para impedir um processo de extradição, sabendo que os EUA vai atacá-lo com tudo. Não podemos ser coniventes com isso", disse de la Cruz ao Brasil de Fato.
A ativista comparou a situação de Assange com a do ex-presidente dos Estados Unidos (e também candidato nas eleições de 2024) Donald Trump. Claudia de la Cruz acredita que Trump sairá impune mesmo sendo alvo de diversas acusações, enquanto Assange "está sendo criminalizado por fazer seu trabalho jornalístico".
"Eu queria viver em uma sociedade em que os jornalistas pudessem dizer a verdade sem enfrentar perseguição", prosseguiu a ativista. "Ele [Assange] é como muitos outros presos políticos, como Mumia Abu-Jamal, Leonard Peltier, são tantos. O único crime deles foi dizer a verdade e lutar pelas pessoas e garantir que a maioria da sociedade soubesse que devemos lutar por nossa libertação, que não será concedida pelo sistema".
A entrevista de Claudia de la Cruz na íntegra será publicada no Brasil de Fato Entrevista desta terça-feira (20), o chamado "Dia D" para o processo de Julian Assange – quando o processo de extradição contra ele começará a ser analisado pela Suprema Corte do Reino Unido.
Neste "Dia D", atos acontecerão no mesmo momento em que o Tribunal Superior de Justiça de Londres examinará um novo recurso do australiano contra a extradição para os Estados Unidos. Dois juízes britânicos irão examinar decisão do Tribunal, tomada em 6 de junho, de negar a Assange a permissão para recorrer de sua extradição para os Estados Unidos, aceita em junho de 2022 pelo governo britânico.
Se Assange falhar nesta última tentativa perante a justiça britânica, ele terá esgotado todas as vias de recurso no Reino Unido. No entanto, um último recurso ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH) "ainda é possível", afirmou o grupo de apoio "Free Assange" em um comunicado divulgado em dezembro.
Com 52 anos, Assange está sendo processado nos Estados Unidos por ter publicado, desde 2010, mais de 700 mil documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas do país norte-americano, especialmente no Iraque e no Afeganistão. Ele foi detido pela polícia britânica em 2019 e atualmente está preso em uma penitenciária de segurança máxima de Londres.
Antes, Assange passou sete anos confinado na embaixada do Equador na capital britânica, onde se refugiou para evitar extradição para a Suécia. Caso seja extraditado, ele poderá ser condenado a uma pena de 175 anos em prisão de segurança máxima em condições desumanas.
Edição: Rodrigo Durão Coelho