O Carnaval no Brasil é uma festa conhecida internacionalmente. Atrai turistas e leva os moradores a vivenciarem suas cidades, gerando crescimento na economia. Ao final da grande festa, começa agora os preparativos da próxima, em meio à correria também pela sobrevivência.
Por trás desta festa que encanta, diverte e traz lucro, há quem tenha transformado sua paixão pelo carnaval em profissão. São costureiras, aderecistas, escultores, pintores, serralheiros, entre tantos outros que, apesar de trabalharem por amor, numa verdadeira profissão de fé, merecem mais valorização.
De acordo com o Ministério do Turismo, a expectativa é de que mais de R$ 900 milhões tenham sido injetados na economia brasileira durante o feriado, em 2024. Com isso, fica a pergunta sobre por que ainda os trabalhadores envolvidos, principalmente nas escolas de samba, não têm a devida valorização profissional e financeira por parte do poder público.
Com mais de 30 anos dedicados ao trabalho no carnaval, Elder Correa Rocha, mais conhecido como “Maguinho da Ilha”, contribui com a construção de carros alegóricos para as escolas de Curitiba e defende que estes trabalhadores sejam melhor remunerados.
Rocha acredita que é preciso que o poder público valorize as agremiações e destine recursos maiores para garantir melhor estrutura para todos os envolvidos.
“Em Curitiba as escolas de samba recebem um recurso que não dá nem pra elas fazerem carnaval. A gente acaba cobrando um valor simbólico para não ficar no prejuízo, porque somos também integrantes e temos amor pela escola e o carnaval. Seria muito importante que a prefeitura valorizasse os trabalhadores das escolas, para levar para a avenida uma festa bonita,” diz Maguinho.
Direto do Rio para Curitiba: ritmista e carro alegóricos
Formado como soldador naval, Maguinho começou a trabalhar no Carnaval aos 12 anos, na bateria da Escola de Samba União da Ilha, no Rio de Janeiro. "Aos 15 anos, no Rio, eu comecei a frequentar os barracões, observar tudo aquilo. Na sequência, fiz curso de soldador naval e depois de serralheria artística, formação que me possibilitou trabalhar na construção de carros alegóricos quando vim para Curitiba", conta.
Como já atuava como ritmista e mestre de bateria na União da Ilha, foi convidado, em 1990, para dar um curso de bateria para as escolas de samba de Curitiba. O convite depois se estendeu por todo o Paraná.
Manguinho gostou, ficou e envolveu-se com várias escolas de samba em Curitiba. Hoje, é responsável pelos carros alegóricos da escola Leões da Mocidade, mas já passou também pela Embaixadores da Alegria, Acadêmicos da Realeza e Mocidade Azul.
"Depois deste curso eu voltei para Curitiba e fui trabalhar na Fundação Cultural de Curitiba com curso chamado 'O Samba vai à escola' juntamente com outros artistas. Ensinava a criançada a fazer instrumento, tocar e tudo mais. Depois conheci uma escola de Curitiba, a Embaixadores da Alegria, e fui convidado para montar uma bateria para eles. Com isso, fui ficando na cidade e, hoje, já estou no sexto ano responsável pela construção dos carros alegóricos da Leões da Mocidade, escola que foi a vencedora do Grupo de Acesso do carnaval de 2024", recorda.
Ao final do carnaval, esvaziada a avenida, Maguinho volta para a sua oficina de luthier, onde produz instrumentos e acessórios. Mas reafirma que, apesar, do envolvimento por amor dele e muitos outros nos bastidores das escolas de samba, a festa pode ser ainda mais bonita e gerar mais renda se o poder público valorizar o carnaval destinando mais recursos e com antecedência.
"Dinheiro destinado é muito pouco. Curitiba faz carnaval na raça porque ama isso, tem muita gente envolvida que ama que faz", conclui.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Pedro Carrano