“Cuba vive no imaginário de muitas pessoas em todo o mundo, que sonham em vê-la e conhecê-la”, disse a ministra da Cultura, Margareth Menezes, ao presidente cubano, Miguel Díaz Canel, na abertura da 32ª Feira do Livro de Havana que teve início nesta quinta-feira (15) e tem programação até o dia 25 de fevereiro. Durante 10 dias, a capital de Cuba receberá representantes de 45 países que apresentarão mais de mil novas publicações em um dos eventos culturais mais populares do país.
O Brasil é o convidado de honra desta edição da feira. A comitiva brasileira que chegou à ilha nesta quinta tem a presença de escritores e escritoras e artistas nacionais dos quadrinhos escolhidos por meio da curadoria tripartite composta por integrantes do Ministério, da Fundação Biblioteca Nacional (FBN) e o Instituto Guimarães Rosa (IGR), unidade vinculada ao Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Conceição Evaristo, Frei Betto, Fernando Morais, Ailton Krenak e o cantor de rap Emicida são apenas algumas das figuras que fazem parte da grande delegação oficial de mais de 65 intelectuais, artistas e músicos que participarão das diversas atividades da feira.
Margareth Menezes também celebrou "a longa história de relações diplomáticas e de cooperação" entre os dois países e destacou o trabalho de restabelecimento das relações diplomáticas neste primeiro ano da presidência de Lula, depois de terem sido violentamente interrompidas com o golpe contra Dilma Rousseff. "Estar de volta a Cuba é uma sensação de estar em casa", disse.
"Estamos aprendendo que a leitura é um ato revolucionário. Por meio da leitura de livros e da literatura podemos ter contato com o nosso mundo e com o mundo dos outros", explicou. A ministra aproveitou a oportunidade para afirmar que o governo brasileiro deverá enfrentar importantes desafios na área cultural para alcançar uma sociedade mais democrática e justa. Ela destacou os esforços que estão sendo feitos pelo Ministério da Cultura para promover a inclusão da literatura negra, da literatura indígena, da literatura das favelas, dos quilombos, das vilas, das cidades e das áreas rurais. "Uma literatura que celebra nosso legado, aqueles que vieram antes; mas enraizada em nosso tempo, em nossa era contemporânea", disse.
A delegação oficial brasileira viajou para a ilha caribenha com mais de 6.000 livros, muitos dos quais serão doados a instituições e comunidades cubanas. Esta é a segunda vez que o Brasil é o convidado de honra desse evento literário, sendo que a primeira foi em 2005.
Além da tradicional venda de livros - que em Cuba são fortemente subsidiados pelo Estado para acesso ao público - a Feira Internacional do Livro oferece várias atividades de leitura para crianças e adultos, painéis de discussão, reuniões com escritores e editores, exibições de filmes e recitais de música que ocorrem em diferentes partes da cidade.
Sob a premissa de que todos têm direito ao acesso à cultura, após o término do evento na capital, a Feira será estendida a diferentes partes do país durante o mês de março. Como acontece todos os anos, a feira presta homenagem aos expoentes mais destacados da literatura cubana. Este ano, a feira se dedica a celebrar as carreiras da filósofa Isabel Monal e do escritor Francisco López Sacha.
*Colaborou Leandro Melito, de São Paulo
Edição: Lucas Estanislau