Na noite da última terça-feira (30) o vereador Jessé Tenório (PT) deixava a casa de seu pai, em um assentamento rural entre Águas Belas e Itaíba, agreste pernambucano. Na estrada de barro que liga o assentamento à rodovia PE-300, dois homens em uma moto dispararam seis tiros contra seu carro. Jessé escapou sem ferimentos.
Os tiros começaram pela frente. O primeiro não acertou, mas os três disparos seguintes perfuraram o vidro dianteiro. Alguns estilhaços atingiram o vereador, que se abaixou no banco do carro e seguiu em fuga. Segundo lembra Jessé, os atiradores ainda fizeram mais dois disparos pelas costas, sem atingir o veículo.
"Liguei para o meu sobrinho e mandei ele ir para a delegacia. Mas eu fui direto para a minha casa, encontrar minha família. Choramos muito, foi assustador". A ronda de motocicletas da polícia militar (Rocam) fez uma visita ao vereador na mesma noite para colher seu depoimento, encaminhado para a delegacia regional de Arcoverde.
Nos dias seguintes, Jessé Tenório levou o carro para a perícia em Arcoverde e foi à delegacia de Itaíba prestar depoimento ao delegado local. "Ele disse que vai atender com urgência e colocar as investigações em prática".
O petista também entrou em contato com o deputado estadual Claudiano Filho (PP), liderança da região, na tentativa de obter segurança e para pressionar por celeridade no inquérito. "Não posso pagar segurança particular e quero uma investigação séria, que realmente descubra quem fez isso, sem favorecimento de lado A ou B", pede.
Desde o ocorrido, ele circula em um carro com vidro fumê e acompanhado de homens da família ou amigos, que fazem as vezes de seguranças. "Saio de casa, vou à Câmara fazer as atividades e volto para casa. Parece até que estou foragido, me escondendo da população, porque estou assustado. Mas não posso parar o trabalho", reclama.
"Nunca passei por isso. Ainda estou em estado de choque. Tenho 37 anos e há 8 moro aqui na cidade [zona urbana]. Antes morava no sítio. Mas nunca tive problemas pessoais com ninguém, em lugar algum. Não bebo, não ando em bar ou em festas", garante o parlamentar, que diz não saber de onde partiu o ataque. "Estou de mãos atadas, sem saber de onde veio isso".
A prefeitura de Itaíba emitiu nota de repúdio sobre o ocorrido. Assinada pela prefeita Regina da Saúde (Podemos), a quem Jessé faz oposição, a nota afirma que "a violência jamais deve ser naturalizada ou tolerada", pontua ainda que o petista é "uma autoridade legitimamente constituída pelo voto" e "um pai de família e um parlamentar dedicado".
"Inveja política"
O petista suspeita que foi alvo de um crime com motivações políticas. "As pesquisas dos blogs locais estão me colocando como vereador com maior aprovação, algumas até me colocam para vice-prefeito. Então acho que existe inveja política. Mas não sei quem pode ter sido, não posso apontar ninguém", diz ele.
A popularidade do parlamentar junto à população seria motivada, segundo ele mesmo avalia, por manter sempre dois ou três carros conduzindo a população para atendimentos médicos e hospitalares dentro e fora do município. Ele pretende se candidatar à reeleição.
Tenório está em seu primeiro mandato na Câmara de Itaíba, na posição de vice-presidente da casa legislativa. Além de Tenório, Lula do Doce é o único colega de partido entre os 11 vereadores de Itaíba.
Jessé Tenório conta que na última eleição municipal, em 2020, também houve ataques a tiros, mas não contra ele. "Na noite antes da eleição, um bando fez vários disparos contra cerca de 20 casas na zona rural. Acho que foi para assustar o povo e não irem votar. Até hoje não foi descoberto quem fez isso", lembra.
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Helena Dias