GESTÃO MUNICIPAL

Boulos, Nunes e Tabata: o cenário e as perspectivas para a disputa pela prefeitura de São Paulo

Cientista política Vera Chaia comenta principais pré-candidaturas no município mais populoso do Brasil

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Boulos, Nunes e Tabata lideram disputa pela prefeitura de SP, segundo última pesquisa - Fotos: Zeca Ribeiro/Câmara Dep; Isadora de Leão Moreira/Gov. de São Paulo; Zeca Ribeiro/Câmara Dep.

Faltando ainda pouco mais de 6 meses para a escolha definitiva de candidatos e oficialização na Justiça Eleitoral, nomes para a disputa da prefeitura de São Paulo são cada vez mais cotados. Entre os principais pré-candidatos estão o atual prefeito da cidade Ricardo Nunes (MDB) e os deputados federais Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB).

Cidade mais populosa do Brasil, com mais de 11,4 milhões de habitantes, segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a eleição municipal em São Paulo é uma das que chamam mais atenção, pontua Vera Chaia, cientista política e professora da PUC-SP. Isso porque o pleito pode ser um reflexo da política nacional, com disputa forte entre um candidato progressista e outro apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"O que estamos vendo é um candidato como Guilherme Boulos, apoiado pelo presidente Lula, e o Ricardo Nunes, atual prefeito, apoiado pelo Bolsonaro. E também existe uma tensão interna aqui no sentido de mostrar, do ponto de vista do comportamento político, que existe ainda uma margem grande para a eleição de alguém apoiado por Bolsonaro. Então, acho que a tensão vai se dar a partir dessa relação. Enfim, um candidato do PSOL apoiado pelo PT e um candidato do MDB, apoiado pelo PL, que é o partido atual do Bolsonaro", analisa Chaia.

Na pesquisa Atlas Intel divulgada em 31 de dezembro, Boulos liderava a corrida pela prefeitura de São Paulo, com 29,5% das intenções de voto. Em seguida, Ricardo Nunes aparecia com 18%, empatado dentro da margem de erro com o deputado federal Ricardo Salles (PL), com 17,6%. Tabata aparecia em quarto lugar, com 6,2%.

Mas, nesta semana, Salles, que foi ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro, desistiu da candidatura. A decisão de Salles veio à tona após o ex-presidente, do mesmo partido do qual ele faz parte, sinalizar a indicação de um nome para ser vice na chapa com Nunes. Havia a possibilidade de Salles mudar de legenda para concorrer à prefeitura da capital paulista, mas ele declarou que "não poderia ir contra a decisão de Bolsonaro". A cientista política explica esse movimento.

"O apoio do Tarcísio de Freitas, o apoio do Bolsonaro, o apoio do Valdemar da Costa Neto, que é o presidente do PL, e toda a articulação está sendo feita no sentido de montar uma chapa com um vice ligado ao PL. E o Bolsonaro já manifestou um apoio a essa possível chapa, que é uma pessoa ligada à questão de segurança, à Rota, e que deve facilitar a reeleição, se for possível, do Ricardo Nunes. E no caso de Ricardo Salles, era um candidato que ele queria se lançar. Na verdade, ele quer ascender na carreira política e isso mostrou uma tentativa de angariar simpatizantes e, principalmente, a simpatia do Bolsonaro", conta Vera.

 

Sobre Tabata Amaral, Vera Chaia diz que sua candidatura pode ser uma alternativa à polarização em torno de Boulos e Nunes. Ela comenta rumores de que Tabata teria sido sondada pelo presidente Lula para um ministério com o objetivo de tirá-la da disputa pela prefeitura. Assim como Tabata, o próprio petista desmentiu a informação.

"A Tabata é uma candidata mais de centro, do Partido Socialista Brasileiro. Vamos ver quem vai ser o candidato a vice da Tabata. Estão se levantando as possibilidades do [José Luiz] Datena ser candidato a vice na chapa. E isso mostra um outro tipo de perspectiva, um outro tipo de atuação da Tabata. E, claro, ela vem primeiro para defender um projeto dela; segundo, acredito que isso foi desmentido tanto por ela quanto pelo presidente Lula, que não teria sentido convidá-la pro ministério só para neutralizar e pra mudar as preferências do eleitorado pra tentarem eleger o Boulos. Boulos vai ter uma rejeição em um determinado segmento do eleitorado e a Tabata seria uma saída política para angariar os votos de resistência ao Boulos e de não comprometimento e de aversão ao Ricardo Nunes enquanto representante do bolsonarismo", argumenta a professora.

Líder na última pesquisa, Boulos ainda não tem definição oficial sobre quem deve ser seu candidato a vice. Mas há fortes indícios de que Marta Suplicy seja essa pessoa. Ela, que já foi prefeita de São Paulo, pediu demissão do cargo de secretária municipal de Relações Institucionais da gestão Nunes e deve retornar ao PT para compor a chapa com o pré-candidato do PSOL. O ato de filiação dela ao Partido dos Trabalhadores deve acontecer nesta sexta (2).

Entre os problemas que o futuro prefeito deve enfrentar, de acordo com a cientista política da PUC-SP, está a violência, a situação da cracolândia e o aumento da população em situação de rua na cidade.

A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta quinta-feira (01) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.

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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.

Edição: Nicolau Soares