Publicação com mais de três décadas de história, a Agenda Latino-Americana, organizada pela Comissão Dominicana de Justiça e Paz chega a 2024 com a proposta de "decolonizar o mundo e a vida". Organizada pela entidade, ela se destina a públicos que vão além dos grupos religiosos.
Mais que apenas uma agenda para organizar compromissos, é um espaço de divulgação de textos escritos por autores brasileiros, da América Latina e de outros continentes, para ajudar na formação de lideranças e fortalecer a perspectiva de transformação social global.
Os organizadores acabam de lançar uma promoção, oferecendo a agenda por R$ 20, mais os custos do frete de envio. Confira no fim deste texto como solicitar um exemplar.
Mais que uma agenda
Em conversa com o Brasil de Fato, o coordenador da rede que publica a agenda no Brasil, frei José Fernandes Alves, disse que prefere apresentá-la como um "livro-agenda". O público-alvo, além de lideranças religiosas e eclesiais, é composto por pessoas ligadas a movimentos populares e às universidades, por exemplo.
"Eu apresento essa agenda como um projeto idealizado na perspectiva político-pedagógica de transformação da sociedade. É uma ferramenta de formação da militância, na linha de Pátria Grande, de educação popular, em uma linha propositiva, crítica e autocrítica. Sobretudo na perspectiva de solidariedade local", disse o frei.
A agenda é publicada também em outros países, e o objetivo dos organizadores é fortalecer a união entre os povos latino-americanos. No Brasil, especialmente, essa missão tem fundamental importância, já que o processo colonial europeu nos afastou de nossos países vizinhos (todos eles falantes do espanhol).
Dom Pedro Casáldaliga
A primeira edição da agenda foi lançada em 1992, por iniciativa de Dom Pedro Casaldáliga. Nascido na Espanha, ele chegou ao Brasil na ditadura militar, em 1968, e dedicou sua vida à defesa da democracia, dos povos indígenas e dos trabalhadores e trabalhadoras no campo. Esteve entre os fundadores do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Casáldaliga morreu em 2020.
"Pedro Casaldáliga sempre disse: o avanço do processo libertador só acontece quando a gente se junta. A Agenda Latino-Americana visa também a superação de cercas, de barreiras - geográficas, políticas, ideológicas. À medida que nos sentimos um conjunto de povos formando um único povo latino-americano, o fortalecimento da rede melhora muito", complementou frei José Fernandes.
A edição de 2024 se propõe a "decolonizar o mundo e a vida", conforme apresentado no subtítulo. A ideia é fazer com que haja mais espaço para visões de mundo que contemplem não só a América Latina, mas também os outros continentes marginalizados.
"O processo de decolonização é um processo crítico, propositivo, político. É muito mais que 'descolonização', com 's'. Historicamente colocavam um único óculos sobre nós. A Europa coloca o óculos, a maneira única de ver o mundo. Esse tema, 'decolonização', quer abrir a perspectiva, o leque de pluralidade de olhares. E isso, naturalmente, quebrando a hegemonia do chamado 'primeiro mundo', em cima do chamado 'terceiro mundo', Norte e Sul", destacou o frei.
Como adquirir
O projeto não tem fins lucrativos, e os o valor arrecadado com as vendas serve para cobrir os custos de produção e distribuição. Para adquirir um ou mais exemplares, basta entrar em contato por WhatsApp (número 62-9417-2738) e falar com Nazaré. Os custos de frete serão calculados de acordo com o número de agendas e o local para onde serão enviadas.
Organizador da edição brasileira, o frei José Fernandes Alves destacou ainda a possibilidade de oferecer alguns exemplares gratuitamente (com a cobrança apenas do custo de frete) para representantes de movimentos populares, escolas ou outras entidades que desejem realizar projetos pedagógicos a partir dos textos da agenda. Para isso, é preciso apresentar o projeto por Whatsapp.
Edição: Rodrigo Durão Coelho
