UNIVERSO LITERÁRIO

Biblioteca comunitária no interior do RJ vai expandir atividades com verba de edital do Governo Federal

O Centro Cultural Novos Horizontes foi selecionado pelo Prêmio Pontos de Leitura 2023, do Ministério da Cultura

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Com 12 anos de existência, o projeto sediado em São José do Vale do Rio Preto conta com um acervo de 7 mil livros - Foto: Reprodução

A expectativa é que 2024 seja um ano de realizações para o Centro Cultural Novos Horizontes (CCNH). A ONG foi uma das bibliotecas selecionadas pelo Edital Prêmio Pontos de Leitura 2023.

Localizada na zona rural do município São José do Vale do Rio Preto, interior do estado do Rio de Janeiro, o projeto social voltado para a leitura faz a diferença na vida de crianças e adolescentes no bairro de Morro Grande há 12 anos.

O CCNH ocupa o prédio onde funcionava uma antiga escola. Possui uma biblioteca com um acervo de cerca de sete mil livros. Também promove aulas de música gratuitas para a comunidade e eventos culturais como mostras de dança, teatro e shows.

Ao longo de mais de uma década, muitas pessoas do bairro rural passaram pelo projeto. Estudante de direito e dançarina, Larissa dos Santos, 23 anos, foi uma delas. Frequentadora do espaço desde criança, teve contato a partir do CCNH com expressões artísticas que contribuíram para a sua formação pessoal. 

“Tipo a própria dança, aqui foi o meu primeiro contato. O teatro, teve apresentação da peça ‘O Corcunda de Notre Dame’ [na biblioteca], aqui em São José [do Vale do Rio Preto] nunca teve isso. Na biblioteca sempre teve uma discussão muito aberta e acessível que também influenciou muito na minha escolha de faculdade”, conta. Hoje, Santos atua com apoio aos eventos culturais do projeto.

Coletividade e novos sonhos

A mobilização de apoiadores e da comunidade é essencial para manter o CCNH aberto. O último recurso financeiro recebido pela ONG foi em 2020, a partir de um edital público. Desde então, o projeto sobreviveu através de trabalho voluntário, da contribuição mensal de associados, e de bingos e rifas. O dinheiro é utilizado na manutenção de atividades básicas como a abertura do espaço, a limpeza e o reparo dos instrumentos musicais.

O edital Prêmio Pontos de Leitura 2023, promovido pela Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB), da Secretaria de Formação, Livro e Leitura (Sefli), destinará R$ 9 milhões no total, R$ 30 mil para cada biblioteca comunitária escolhida. De acordo com o Ministério da Cultura, a iniciativa busca reconhecer e premiar instituições que desenvolvem ações de promoção da leitura

Segundo o professor de biologia e diretor do CCNH, Rodolpho Branco, o edital permitirá ampliar ações que já acontecem no espaço, como as aulas de música para crianças. Também está planejada a abertura da biblioteca uma vez mais na semana. Atualmente, o local funciona para a retirada de livros somente aos sábados. Ainda de acordo com Branco, a intenção nesta nova etapa é realizar atividades em conjunto com a escola municipal do bairro que atende estudantes do Ensino Fundamental I.

“Com certeza a equipe entende o valor da biblioteca e tudo o que ela representa, mas ainda assim, a biblioteca fica limitada pela falta do recurso. Ela sobreviveu, mas não pôde expandir durante este tempo. Agora, com este edital, ela poderá ampliar seus trabalhos, atingir um público maior, inclusive os alunos que estão no início da vida escolar e terão mais acesso ao universo cultural e literário”, completa Branco.


Palhaços em cima da "prancha" durante itinerância pelo bairro de Morro Grande / Foto: Reprodução

Itinerância e palhaçaria

A itinerância é uma estratégia utilizadas pelo CCNH para atrair o público para a biblioteca comunitária. A ideia consiste em reunir palhaços, a chamada "Trupe Inventada", em uma “prancha” – veículo utilizado por agricultores locais para o transporte de legumes, verduras e insumos. O grupo circula então pelo bairro, distribuindo livros e gibis para crianças, jovens e adultos, sempre com muita brincadeira, ciranda e poesia. 

Psicólogo e um dos fundadores do projeto, Michel Cabral dá vida ao palhaço Gasolina. “A ideia é poder trazer mais leitores e poder também levar o lúdico para esse público todo aqui da zona rural. A nossa intenção não é só que a criança receba o livro, mas que ela tenha, através dessa mediação, um contato diferenciado. Que ela possa criar um vínculo com aquela história”, explica Cabral.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Clívia Mesquita