MASSACRE PALESTINO

Netanyahu descarta acordo com Hamas; disfarçados, israelenses matam 3 em hospital na Cisjordânia

Fala do premiê foi uma resposta à declaração do chefe político do Hamas, que anunciou ter recebido proposta de paz

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O premiê havia dito no domingo (28) que, mesmo com negociações “construtivas”, ainda haviam “lacunas significativas”.  - RONEN ZVULUN / POOL / AFP

Em visita ao território palestino da Cisjordânia, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, descartou nesta terça-feira (30) um acordo de cessar-fogo com o Hamas que inclua a libertação de reféns que chamou de “terroristas” e a saída de tropas israelenses da Faixa de Gaza. O israelense também disse que a guerra não terminará sem uma vitória “absoluta” sobre o Hamas. 

A fala do premiê foi uma resposta à declaração do chefe político do Hamas, Ismail Haniyeh, que anunciou ter recebido uma proposta de pausa na operação militar por seis semanas. Segundo Haniyeh, durante esse período, o grupo trocaria reféns mantidos em Gaza por prisioneiros palestinos detidos em Israel. 

A ideia de um acordo diplomático foi elaborada em reunião entre representantes dos Estados Unidos, Israel, Catar e Egito durante o final de semana. O objetivo era fazer uma pausa de seis semanas com a libertação de reféns das duas partes. Para Haniyeh, a posição do governo de Israel mostra que Netanyahu “não se importa com a vida dos israelenses”.

O premiê havia dito no domingo (28) que, mesmo com negociações “construtivas”, ainda haviam “lacunas significativas”. 

O número exato de reféns que seriam libertados por israelenses e palestinos ainda não foi negociado. Mesmo com a negativa de Netanyahu, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken disse nesta segunda-feira (29) que “um trabalho importante e produtivo foi feito” no sentido de ampliar as negociações para ter “esperança no futuro”.

Ataque a hospital

Nesta terça-feira (30), tropas israelenses entraram no hospital Ibn Sina, na cidade de Jenin, na Cisjordânia, e mataram 3 palestinos. Segundo Israel, as vítimas seriam “militantes” e estavam usando o hospital como esconderijo. No entanto, os militares não apresentaram provas. 

O Ministério da Saúde da Palestina disse em comunicado que os israelenses atiraram dentro da ala das enfermarias do hospital. A autoridade também pediu que a suspensão imediata de operações em unidades de saúde.

Imagens das câmeras de segurança obtidas pela AP mostram militares israelenses armados entrando no hospital disfarçados de mulheres civis e médicos. De acordo com um porta-voz do hospital, não houve troca de tiros.

Enquanto isso, o massacre continua

Durante a noite de segunda (29) e ao longo desta terça, os bombardeios de Israel continuaram em praticamente toda a Faixa de Gaza, especialmente em Khan Yunis (sul) e também na Cidade de Gaza e outros pontos do norte do território, onde batalhas terrestres recomeçaram.


Faixa de Gaza / Brasil de Fato

Em Rafah, na fronteira com o Egito, um repórter da rede Al Jazeera que está na cidade relata que uma casa cheia de palestinos deslocados foi destruída em um ataque aéreo durante a noite. Pelo menos três pessoas teriam morrido, mas há muitas sob os escombros.

Em Khan Yunis, a maior parte dos combates ocorre nas proximidades do Hospital al-Amal, que está sob cerco militar israelense há oito dias, assim com o Hospital Nasser.

Um grande número de civis palestinos também teria morrido em ataques israelenses a residências nos bairros de Sabra e Tuffah, na Cidade de Gaza, segundo a agência de notícias Wafa.

Pelo menos 26.751 pessoas foram mortas e 65.636 ficaram feridas em ataques israelenses em Gaza desde 7 de outubro, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

Edição: Rodrigo Durão Coelho