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O Rio de Janeiro à mercê das mudanças climáticas

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Desde o começo de 2024, 100 mil pessoas foram afetadas de alguma forma pela chuva no estado do Rio de Janeiro - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Dispomos de mecanismos de medição e previsão de tempo e de volume, mas as tragédias não são evitadas

Para começo de conversa, vamos combinar: estamos todos sofrendo as consequências de um tema ainda restrito, mas que deveria estar na boca de todos, sobretudo daqueles que legislam sobre as leis que nos regem e dos que executam as políticas públicas em nosso estado, que são as mudanças climáticas.

Ao que tudo indica, as chuvas que caem e deixam a devastação como prova de que estamos em risco não têm sido suficientes para que o problema seja tratado de modo firme e responsável.

Dados oficiais mostram que desde o raiar de 2024, as chuvas que caem no Rio de Janeiro já afetaram ao menos 100 mil pessoas, parte delas está desalojada, outros tantos estão desabrigados. A região que mais sofre é a Baixada Fluminense, onde o caos se instala, a luz falta e a precariedade das condições de quem vive ali fica exposta. Não vê quem não quer, e o governador, o que diz, o que faz para aliviar a dor de quem perde casa, parentes e a esperança, a cada enxurrada anunciada?

As águas têm seu curso e cabe a nós respeitá-lo, mas não é o que ocorre. Já dispomos de mecanismos de medição e previsão de tempo e de volume, mas, nem assim, as tragédias são evitadas. 

Os estudos sobre o que pode ocorrer em nossos territórios são vastos e também precisos. Já fomos avisados por universidades, institutos e entidades dedicados ao tema, além de grupos de estudos incontáveis, de que a capital do Rio Janeiro é a cidade mais vulnerável, entre os quase 200 municípios do estado, com a elevação do nível do mar, as inundações e chuvas, além da perda da biodiversidade que nos é tão cara.

As mudanças climáticas, portanto, já estão causando estragos e, ao que parece, os gestores  que têm o poder de mudar rotas estão pouco interessados em saber o que será de nós todos. 

Se não é por falta de aviso que medidas protetivas às vidas são tomadas por parte de quem tem o poder de escolher por onde vamos caminhar para preservar, será por falta de compromisso com as vidas todas que estão em jogo? Será por falta de responsabilidade e de humanidade?

Ideologias à parte, senhor governador e senhores prefeitos, colegas de parlamento e doutores juristas administradores da lei, vamos ouvir os alertas e conversar seriamente sobre o assunto? Deixo aqui o convite e, mais que isso, o apelo para que as tragédias não nos levem ao ponto de não retorno.

*Dani Monteiro é deputada estadual (Psol) e presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj.

**Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Jaqueline Deister