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Coluna

Sobre silêncios e negações do sentir

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"E quando esse silêncio acontece por meio das redes?" - Olivier Douliery / AFP
Não pode haver comunicação efetiva, quando o silêncio é usado para ignorar a forma de posicionamento

Retorno o tema discorrido na última coluna e as formas de comunicação entre as pessoas. E pergunto: quando foi que o ato de silenciar e negar os sentimentos virou uma forma de comunicação entre nós?

Quando um diálogo, uma discussão ou debate se estabelece entre as pessoas, as formas de reagir podem ser inúmeras, mas quantas vezes você contrariou alguém ou fez uma pergunta que necessitava de uma resposta para que sua tarefa fosse executada e obteve o silêncio como resposta? Como você se sentiu com isso? Como lidou e mais ainda, quantas vezes essa forma de agir e se comunicar tem se repetido e se reproduzido nas relações da militância? E quais encadeamentos essa falta de dar seguimento na comunicação provoca?

E quantas vezes você esteve no lado da comunicação em que foi você quem usou o silêncio como resposta? Por qual motivo usou essa estratégia?

Esse ponto é importante refletir, porque obviamente o silêncio é benéfico em muitos casos, seja para refletir e amadurecer uma resposta, ou até mesmo diante de não saber o que fazer – muitas vezes resta silenciar – porém, quando o silêncio parte de alguém como forma de punição ou repreensão, é maléfico e prejudicial. Quando essa forma de agir parte de uma pessoa, como forma de fazer a outra pensar sobre determinada ação, essa comunicação além de não ser eficaz também cria muros.

:: O que a gente diz, quando a gente diz? ::

Não pode haver comunicação efetiva, quando o silêncio é usado para ignorar a forma de posicionamento do outro, como intenção que o mesmo reflita, se não foi dito não se pode adivinhar!

Como é sabido, a comunicação se manifesta de diversas formas, parte até mesmo de um olhar, um gesto, palavras, arte, símbolos, sons, escrita, contato físico, entre outros, nos constituindo enquanto seres sociais. Para que o ciclo da comunicação se complete, aprende-se desde o ensino básico que uma comunicação se faz entre um emissor, que transmite a mensagem, do outro lado existe um receptor ou interlocutor, que precisa receber, codificar e interpretar essa mensagem e assim, a comunicação é finalizada. Simples né?

E quando esse silêncio acontece por meio das redes?

Os efeitos podem ser ainda piores, porque ultimamente as pessoas quase nunca se ligam para entender uma mensagem que não conseguiu interpretar via rede e fica o mal entendido. Bom, as redes agilizaram nossa comunicação e isso é um fato, mas por outro lado busca-se influenciar nosso ritmo de vida, acelerando cada vez mais.

O que fazer? Burlar esse sistema, usá-lo, mas saber os limites para a nossa saúde mental e dos outros.

Penso que cada vez mais, nossa conjuntura exige de nós, relações maduras e saudáveis, de respeito com o outro, pois as contradições se intensificam e saber agir de forma madura é urgente e só será possível através da boa comunicação!

As falhas na comunicação não só confundem as estratégias e tarefas a serem seguidas, mas também é uma forma de intensificar o adoecimento mental e social entre as pessoas. É cultural na nossa sociedade, essa forma de silenciar quando algo é questionado, como forma de barrar o assunto, quando na verdade deveria ser explorado e clarificado.

Temos tanto o que fazer para melhorar nossa comunicação, uma pesquisa rápida, trago alguns conceitos abaixo, que podemos aprofundar em outro momento:

  • Comunicação ativa: busca tanto escutar como falar, permite-nos conectar e é principalmente útil quando se deseja apresentar um problema ou apenas fazer alguma partilha;

  • Comunicação não violenta: é uma forma de se expressar que prioriza o fortalecimento dos laços e a continuidade de bons relacionamentos. A CNV aposta que todo modo de comunicação humana tem por objetivo demonstrar necessidades universais;

  • Comunicação afetiva: tem o objetivo de traduzir nitidamente e com simplicidade o que se pensa, no que se acredita, sobretudo no que se espera do outro. E ela é afetiva na medida em que se demonstra com objetividade o que se deseja genuinamente, como forma de se conectar com o outro, de encurtar as distâncias e de gerar entendimento.

E aí, identificou qual ou quais formas de se comunicar são mais usadas por você? Eu identifiquei!

E aproveito para deixar a mensagem final que é: ninguém tem obrigação de saber o que você pensa, se não for dito!

Então falar sobre seus sentimentos, é fundamental, significa maturidade e é urgente para a construção de relações saudáveis! Busquemos por isso!

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*Adriana Dantas é educadora popular e graduanda em Filosofia pela Universidade de Brasília.

**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato DF.

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Edição: Flávia Quirino