Centenas de famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) bloquearam rodovias no estado da Bahia na manhã desta segunda-feira (22), em protesto após o ataque de ruralistas que terminou com a morte de uma indígena do pataxó Hã-Hã-Hãe no último domingo.
Os bloqueios aconteceram nas rodovias BR-101 (em dois pontos no Extremo Sul baiano) e BR-263, na altura de Itambé, sudoeste do estado. Os grupos que participaram dos atos deixaram os piquetes por volta de 12h, de maneira voluntária.
O ataque aconteceu no território indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, no município baiano de Potiraguá. Dois fazendeiros foram presos em flagrante por porte ilegal de arma, suspeitos de matar a tiros a indígena Maria de Fátima Muniz de Andrade, conhecida como Nega Pataxó, majé (feminino de pajé) da comunidade.
Entre as pessoas que ficaram feridas está o Cacique Nailton Muniz, que foi foi baleado. Um tiro atingiu um dos rins e ele precisou passar por cirurgia. Uma mulher indígena teve o braço quebrado e outras pessoas foram hospitalizadas, mas não correm risco de morte.
Em nota, o MST na Bahia "repudia a ação violenta do grupo de fazendeiros milicianos, ao mesmo tempo que exige do Estado uma investigação célere sobre esse grupo de milicianos que estão praticando diversas ações criminosas na Bahia, atuando como se fosse um Estado paralelo e agindo por cima da lei".
Cerca de 200 ruralistas da região se organizaram através de um aplicativo de mensagens, de acordo com nota do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), que enviou comitiva chefiada pela ministra Sonia Guajajara (PSOL) ao local nesta segunda-feira. Os fazendeiros e comerciantes se articularam para recuperar, sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, retomada por indígenas no último sábado (20).
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), o ataque foi promovido por um grupo que denomina "Movimento Invasão Zero". A secretaria também determinou o reforço, por tempo indeterminado, do patrulhamento ostensivo na região, que fica perto das cidades de Itapetinga e Pau Brasil.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) lançou nota condenando o ataque e frisando a importância da demarcação de terras indígenas como forma de solucionar o crescente conflito de terras no país.
Edição: Nicolau Soares