Paraná

DESAFIOS DA SAÚDE

“SUS: do aplauso ao descaso”: 9º Congresso Estadual do SindSaúde debate desafios da saúde pública na gestão de Ratinho Júnior

Evento acontece nos dias 22, 23 e 24 de março

Londrina (PR) |
O SUS foi fundamental para o enfrentamento à pandemia de Covid-19 - Giorgia Prates

do Portal Verdade

Aprovado em Assembleia Geral, o 9º Congresso Estadual do Sindicato dos Servidores Estaduais de Saúde do Paraná (SindSaúde – PR), marcado para os dias 22, 23 e 24 de março de 2024, na Associação Banestado, Praia de Leste, reúne a categoria após o adiamento causado pela pandemia de Covid-19.

Com o tema “SUS: do aplauso ao descaso”, o Congresso visa debater questões estruturais e de gestão enfrentados por servidores vinculados à Secretaria Estadual de Saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS), ponto central das discussões, enfrenta um cenário de desmantelamento devido à instauração de políticas de cunho neoliberal pelo atual mandatário do Palácio do Iguaçu, Ratinho Júnior (PSD).

A elaboração do plano de lutas do sindicato é uma tarefa essencial, visto que a conjuntura atual demanda estratégias eficazes para a defesa dos direitos dos trabalhadores da saúde.

No governo de Ratinho Jr a saúde precária está primeiro lugar; entenda as problemáticas

Enquanto o “Ratinho” governa, a saúde pública do Paraná parece roer nos cantos, e a plateia, composta pelos cidadãos, parece estar à mercê do espetáculo digno de um pesadelo circense. Em conjunto com Beto Preto, Secretário de Estado da Saúde, guiados pelo viés neoliberal, promovem a terceirizações e retirada de direitos dos servidores da área da saúde, afetando diretamente a população.

Segundo Elaine Rodella, dirigente do Sindicato dos Servidores Estaduais de Saúde do Paraná (SindSaúde – PR), a Fundação Estatal de Atenção em Saúde do Estado do Paraná (Funeas) criada em 2015 pelo Estado, tem sido marcada por uma série de denúncias.  

“Auditorias recentes do Tribunal de Contas já indicaram sua precariedade administrativa, evidenciando o desinteresse em manter hospitais públicos funcionando adequadamente, dado que a Fundação é encarregada da gestão de unidades hospitalares, há apenas três anos, estavam sob administração direta do Estado”, pontua.

Concurso não atende demanda

Em dezembro de 2023, o Sindicato analisou o concurso público na saúde, revelando que a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) planeja abrir apenas 452 vagas. Os dados apresentados indicam que, conforme a Lei n.º 18.136/2014, a Saúde possui um déficit de 3.500 servidores, considerando apenas as vagas de promotores de saúde execução e profissional.

Atualmente, os 6.485 servidores na ativa, contrasta com o número de vagas para o concurso, comprometendo a eficiência e a abrangência dos serviços prestados. O sindicato apresentou as inadequações das medidas propostas pela Sesa ao Ministério Público do Trabalho.

O Sistema Único de Saúde (SUS), longe de ser percebido apenas em momentos de crise, é uma rede complexa que exige atenção constante. A disparidade nos investimentos, com uma propensa inclinação para setores particulares em detrimento do SUS, levanta sérias questões sobre a eficácia do atual modelo de financiamento.

Elaine Rodella denuncia que os hospitais privados, que criticam muitas vezes a remuneração insuficiente do SUS, incoerentemente não abrem mão do sistema. Os mesmos recebem não apenas pelos atendimentos, mas também por emendas parlamentares e programas de incentivo do Estado.

“Eles recebem um volume de recurso que é fabuloso, mas não investem nas unidades onde os pacientes do SUS são atendidos. Esse descaso nos deixa, assim, pensando em como organizar a luta para que o SUS seja estatal, para que o Estado assuma e amplia as suas ações diretas na área de saúde. Com certeza o sindicato está na contramão do que pensa o governo do estado do Paraná, que é um governo privatista, que é um governo que desenvolve ações para beneficiar grupos econômicos muito fortes existentes”, relata Rodella.

A necessidade de intensificar as denúncias sobre essa situação é urgente, visando evitar o desperdício de recursos públicos na área da saúde.

E quem cuida da saúde não é cuidado

Para os servidores da saúde, o enfrentamento de condições adversas se tornou uma rotina.  A gestão do trabalho, longe de promover a valorização, contribui para a desmotivação. A desvalorização profissional, refletida em salários inadequados, falta de reconhecimento e condições de trabalho insatisfatórias, compromete não apenas o ânimo dos profissionais, mas também a qualidade do atendimento.

O convívio diário com situações de dor, morte e sofrimento representa um fator adicional que impacta a saúde mental dos profissionais da saúde. A dirigente explica, “a carga emocional, associada ao enfrentamento constante de situações traumáticas e à tomada de decisões difíceis, pode levar a distúrbios psicológicos, como ansiedade e síndrome de burnout”.

Somando com a carga mental, o ambiente de saúde, repleto de riscos como exposição a agentes biológicos e químicos, resulta no afastamento desses trabalhadores. Dados indicam que esses profissionais são os primeiros a sofrerem com acidentes e adoecimentos relacionados ao trabalho.

Para o SindSaúde -PR, a necessidade de implementar medidas para reduzir esses riscos e preservar a saúde dos profissionais é uma pauta central que precisa ser enfrentada para garantir uma assistência de qualidade e condições adequadas de trabalho no setor de saúde.

“Nós queremos debater tudo isso e construir ações de defesa do SUS, de ampliação das ações públicas na área de saúde, beneficiando a população, dando a ela o direito constitucional à vida e à saúde, e também lutar pelos direitos dos trabalhadores, pois somos nós que construímos a saúde pública tão importante em cada momento da nossa vida”, diz Elaine Rodella.

Edição: Pedro Carrano