A recente escalada de violência no Equador pode gerar uma onda de refugiados a países vizinhos na América do Sul. Essa é a opinião professor de Relações Internacionais da UFRJ Fernando Brancoli, que conversou com o Brasil de Fato nesta quinta-feira (11), no programa Central do Brasil.
O pesquisador destacou que o Peru, que faz fronteira com o Equador, já declarou estado de emergência e aumentou a segurança na região na quarta-feira (10). "Já há receio, por exemplo, por parte de países vizinhos, que eles podem começar a receber refugiados do Equador, que serão pessoas que se veem obrigadas a sair de suas casas em meio à escalada de violência", disse.
Brancoli ainda apontou relações entre a situação de aumento da violência vivida pelos equatorianos com o narcotráfico e o crime organizado em outros países. "O narcotráfico na região mudou. A gente teve mudanças importantes na Colômbia, que é um produtor importante de cocaína e tivemos mudanças, nos últimos anos, também no México. E o Equador acabou aparecendo no mapa para esses grupos narcotraficantes como uma área estratégica. Isso porque está ali na fronteira da Colômbia e do Peru, que são produtores importantes de cocaína e também tem portos importantes para escoar essa cocaína tanto para os Estados Unidos como para a Europa", afirmou.
O professor também comentou a decisão do presidente equatoriano, Daniel Noboa, de decretar estado de exceção e de guerra civil contra grupos criminosos do país. "Do ponto de vista prático, o governo está afirmando que os grupos narcotraficantes são tão poderosos que podem ameaçar o Estado, podem tentar derrubar o Estado", explica.
Segundo ele, há medidas a curto, médio e longo prazo para tentar controlar o caos instaurado no país, mas são desafios. "Do ponto de vista prático imediato, o que dá pra fazer é lidar com países que estão consumindo esse tipo de droga, o que ainda assim às vezes é difícil de fazer. Já a médio e longo prazo, a gente tem que reestruturar o sistema criminal, tem que lidar com adictos de droga muitas vezes com sistema de saúde e não com uma dinâmica de segurança e tentar lidar dentro de uma maneira mais ampla", disse.
O Equador vive uma onda de violência que se agravou na última semana após a fuga de uma liderança do crime organizado do país. A situação piorou após o presidente decretar estado de exceção nesta segunda-feira (8), o que desencadeou uma série de ataques que incluíram atentados e até mesmo uma invasão de um grupo armado a um canal de televisão.
Nesta quarta-feira (10), Noboa reagiu e decretou estado de guerra civil contra uma lista de grupos criminosos do país. Em meio à onda de violência, um cidadão brasileiro chegou a ser sequestrado na cidade de Guayaquil e foi libertado com ajuda da Polícia na noite desta quarta-feira (10). A informação foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores, que monitorava e tentava checar o caso desde que a denúncia foi feita pelo filho dele nas redes sociais.
A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta quinta-feira (11) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.
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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
Edição: Thalita Pires