Distrito Federal

Omisso x ausente

‘Férias não justificam’: parlamentares criticam ausência de Ibaneis Rocha em ato de defesa da democracia

Ato convocado pelo presidente Lula marca 1 ano dos ataques golpistas na praça dos Três Poderes

Brasil de Fato | Brasília |
Governador está de férias em Miami (EUA) até 15 de janeiro - Foto: Renato Alves/Agência Brasília

O governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) não estará presente no ato, que acontece na segunda-feira (08) e marca um ano da tentativa de golpe contra a democracia.

De acordo com a assessoria de imprensa do Governo do Distrito Federal, as férias de Ibaneis já estavam agendadas antes da divulgação e convocação do evento. O governador viajou no dia 28 de dezembro para Miami (EUA) e tem previsão para regressar no dia 15 de janeiro.

Convocado pelo presidente Lula no dia 20 de dezembro, o ato será realizado no Senado Federal, com a presença de representantes dos Três Poderes do país. Governadora em exercício, Celina Leão, substituirá Ibaneis Rocha.

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“Um ano depois do que já ficou comprovado, que foi uma tentativa de golpe de Estado, que teve organização da extrema direita com o ex-presidente Jair Bolsonaro por trás desse processo, vários generais e uma falha grave da Secretaria de Segurança do Distrito Federal, o governador dá mais um gesto ruim contra a democracia, contra o fortalecimento das instituições”, destaca Gabriel Magno (PT), líder da Minoria na Câmara Legislativa do DF.

Autor do Projeto de Lei que instituiu o 8 de janeiro como Dia de Defesa da Democracia no DF, sancionado por Ibaneis Rocha em junho do ano passado, o parlamentar observa que neste dia o mundo estará voltado para Brasília. “A ausência é um símbolo do pouco apreço do governador com esse processo de reconstrução do Brasil, de fortalecimento das instituições democráticas, ainda mais nesse dia simbólico que o mundo todo estará voltado para Brasília para entender as respostas que o país deu diante da tentativa de golpe de Estado”.


Palácio do Planalto foi um dos alvos dos ataques golpistas / Foto: Joedson Alves/Agência Brasil

Ibaneis Rocha é uma das figuras centrais dos ataques de 8 de janeiro e quase lhe custou o cargo de governador. No dia seguinte aos atos, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou o afastamento de Ibaneis e a vice-governadora, Celina Leão, assumiu o comando do GDF por 64 dias.

“A tentativa de golpe foi algo tão grave que resultou no afastamento de Ibaneis Rocha do cargo, sem falar em todos os danos gerados ao país. A presença do governador no ato em defesa da Democracia seria um gesto importante”, apontou o deputado distrital Fábio Félix (PSOL), líder do Bloco Parlamentar PSOL/PSB na CLDF.

Para o deputado federal Reginaldo Veras (PV-DF) a presença do governador é irrelevante na cerimônia. “Considerando que o governador foi relativamente omisso nos atos de 8 de janeiro de 2023, inclusive sendo afastado do cargo, não caberia a presença dele neste ato”.

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Defesa da democracia

Para o vice-presidente da CLDF, Ricardo Vale (PT), o ato em defesa da democracia reafirma o compromisso das instituições democráticas com a soberania popular expressa pelo voto e com a democracia. “Com essa ausência, o governador perde a oportunidade de mostrar e afirmar para todos que não compactua com aquele vergonhoso episódio e que foram seus comandados que de fato agiram de maneira traiçoeira, principalmente o ex-secretário Anderson Torres e a cúpula da PM local. De todo modo, mesmo com essa ausência importante do governador, todos aqueles que defendem o regime democrático brasileiro, que puderem comparecer, estarão dizendo sim à democracia e não ao golpismo”, enfatizou o parlamentar.


Senado Federal também foi um dos prédios vandalizados nos ataques de 08 de janeiro de 2023 / Foto: Pedro França/Agência Senado

Os ataques de 8 de janeiro resultaram em duas Comissões Parlamentares de Inquérito para investigar os responsáveis pelos atos golpistas, uma no Congresso Nacional e outra na CLDF, presidida pelo deputado Chico Vigilante.

De acordo com o parlamentar, a postura do governador contesta até mesmo o histórico profissional. Ibaneis Rocha é ex-presidente da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal. “A OAB é uma entidade que defende efetivamente a democracia em todos os momentos, que inclusive enfrentou a ditadura. Ele tinha a obrigação de estar num ato que repudia a tentativa de golpe e os atos da extrema direita no Brasil. Portanto, a história de estar de férias não justifica a ausência dele. Não comparecer é um ato de desamor à democracia e a importância que a democracia tem para a nossa Nação, é lamentável”.

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Edição: Márcia Silva