O jovem Wesley Barbosa da Conceição, de 29 anos, alvo de tiros que teriam sido disparados por um policial militar, morreu nesta quinta-feira (28), em São Paulo (SP).
Segundo familiares, o rapaz foi baleado duas vezes no abdômen, na noite do último dia 21, na Avenida 23 de Maio, na região central da capital paulista. Wesley trabalhava vendendo doces no semáforo.
Em relato ao Brasil de Fato, o irmão do jovem – que terá o nome preservado – disse que a polícia teria confundido o rapaz com um suspeito de assalto.
"O meu irmão estava trabalhando, e vieram uns moleques de outras comunidades e roubaram no farol. Meu irmão é mais preto do que eu – ele é preto, preto mesmo”, enfatiza. “Os moleques correram. Ele [Wesley] estava andando, e os policiais confundiram ele com o ladrão e atiraram", relatou à reportagem no dia do ocorrido.
Em nota enviada ao Brasil de Fato, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que "todas as circunstâncias relativas aos fatos são investigadas por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado pela Polícia Militar". Ainda segundo a pasta, a arma do policial e os carregadores foram apreendidos.
O SSP também informou que agentes utilizavam Câmeras Operacionais Portáteis (COP) no momento da ocorrência e que "as imagens estão sendo minuciosamente analisadas".
Segundo o irmão da vítima, Wesley foi socorrido após uma espera de aproximadamente duas horas, e a família teve notícias dele somente no dia seguinte. O jovem passou por cirurgia e permaneceu internado.
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Ainda de acordo com familiares do rapaz, policiais militares estiveram no hospital e chegaram a entrar no centro cirúrgico, sem explicar o motivo.
Jovens negros são os principais alvos de violência policial em São Paulo
Se confirmado que os tiros partiram da PM, a morte de Wesley Barbosa se soma às estatísticas de letalidade policial.
Segundo o levantamento "Pele Alvo: a bala não erra o negro", elaborado pela Rede de Observatórios, 63,9% dos mortos por agentes de segurança no estado de São Paulo são negros.
Na capital paulista, das 157 mortes registradas nessas circunstâncias, 108 pessoas eram pretas ou pardas. Jovens com idade entre 18 e 29 anos são a maioria das vítimas. Eles representam 53,94% do total.
(*) Com informações de Caroline Oliveira
** Texto atualizado às 18h12 para inclusão de posicionamento da Secretaria de Segurança Pública (SSP)
Edição: Geisa Marques