Na última terça-feira (19), ocorreu o primeiro da série de seminários temáticos sobre “Neoindustrialização em novas bases e apoio à inovação nas empresas”. O evento foi realizado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e os resultados dos encontros servirão de subsídio para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), que vai ocorrer em junho de 2024, com o tema “Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido”.
A CNCTI terá como objetivos analisar os programas e planos de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) no período 2016-2023 e seus resultados de forma a propor recomendações para a elaboração da Estratégia Nacional de CT&I (ENCTI) para 2024-2030.
Para a secretária e executiva do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), Verena Barros, o momento é único, pela oportunidade de pensar o processo de desenvolvimento do país a partir desta série de encontros.
“É um mix de ações importantes de estarem contidas nesse desenho da política industrial, não como política de um ministério, mas como política de Estado. A política de ciência e tecnologia, a política de inovação, a política de capacitação, a política de formação, a política de fixação de talentos e tantas outras são instrumentos necessários para que possamos alcançar nossos objetivos de desenvolvimento enquanto sociedade”, ressaltou Barros.
Já o presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, qualificou os desafios como gigantes para todos,uma vez que a inovação, ao trazer qualidade de vida, deve também produzir a inclusão de milhões de pessoas. Lima destacou que no universo da economia brasileira, cerca de 94% são formados por micros e pequenas empresas que respondem por 55% dos empregos formais, e por apenas 30% do PIB brasileiro e lembrou que os pequenos negócios não podem ficar para trás no processo da economia tocada pela inovação.
“Os desafios são gigantes, mas o Brasil tem um povo com uma riqueza que garantiu, ao longo da história, a sua resiliência, sua própria criatividade”, afirmou.
O seminário produziu algumas recomendações para serem debatidas na 5ª CNCTI. Entre elas estão: um mapeamento de toda a cadeia de pesquisa e produção de novos fármacos, de modo a promover uma atuação integrada sobre todo o processo; o financiamento de uma infraestrutura para pesquisa de última geração, para tornar o salto tecnológico uma realidade; contemplar a alternativa das compras públicas para produtos e processos na área de saúde; e capacitar mão de obra adequada à tecnologia implantada na produção de fármacos.
O coordenador dos trabalhos, Fernando Peregrino, ressaltou a importância desse primeiro encontro que reuniu representantes da tríplice hélice — como é conhecida a união dos representantes do setor acadêmico, empresarial e governamental —, os mais importantes atores do Sistema Nacional de Inovação.
“É um grande avanço essa aliança da Política Científica, Tecnológica e de Inovação com a Política Industrial. Antes, tínhamos cientistas de um lado pedindo recursos e empresários do outro, em busca de incentivos fiscais. Agora estamos todos unidos em busca de uma mesma política de desenvolvimento do país”, concluiu.
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O evento reuniu, em sua abertura, além do presidente da Finep, Celso Pansera; o Coordenador Adjunto da 5ª Conferência, Anderson Gomes; o diretor de Inovação da CNI/MEI, Jefferson Gomes; o diretor de Inovação do BNDES, José Luis Gordon; a secretária executiva do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), Verena Barros; a presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader; o presidente do Sebrae nacional, Décio Lima, o presidente da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (ABIPTI), Paulo Foina; a representante da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI), Simone Saraiva e o professor da PUC-RS, Adão Villaverde, além do coordenador do Seminário, Fernando Peregrino, chefe de gabinete da Finep.
Na parte da tarde, durante o Seminário Biotecnologias, participaram o vice-presidente da Fiocruz, Marco Krieger, o diretor-presidente do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), Pedro Barbosa; a diretora de Inovação do Instituto Butantan, Ana Marisa Chudzinski, o pró-reitor de Pós-graduação, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto; e a pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Positiva do Complexo Industrial da Saúde, Monica Felts.
*Com informações da Finep.
Edição: Jaqueline Deister