Na quarta-feira (6), o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, fez um ligação ao presidente guianês Mohamed Irfaan Ali para reiterar apoio incondicional à Guiana e um apelo para que o país e a Venezuela encontrem uma solução pacífica para a questão do território disputado de Essequibo.
No dia seguinte, porém, a embaixada dos Estados Unidos em Georgetown (capital da Guiana) anunciou a realização de exercícios militares conjuntos entre as forças aéreas estadunidense e guianesa na região em disputa. Esse é o primeiro exercício militar do tipo desde que os venezuelanos votaram em plebiscito por incorporar o Essequibo em 3 de dezembro.
A escalada das tensões na América do Sul soam um alerta para um possível conflito armado, que pode incluir a participação dos Estados Unidos, em um cenário de conflitos na Europa e no Oriente Médio, assim como de crescente tensão no Mar Sul da China.
A presença militar estadunidense na América Latina
O número de bases militares dos EUA no exterior não é oficial, e se baseia em estimativas que mesclam dados fornecidos pelo governo e evidências coletadas por especialistas.
Atualmente, os Estados Unidos operam em pelo menos 76 bases militares na América Latina e no Caribe, sob a direção do Comando do Sul (SOUTHCOM) do Departamento de Defesa. O México está de fora dessa contagem e essas bases são divididas em 3 categorias.
A primeira são as Bases Principais, ou Bases de Operação. De acordo com o Pentágono, essas são bases que pertencem inteiramente aos EUA, contam com pelo menos 200 militares, têm mais de 10 acres (aproximadamente 0,4 hectar) e custam mais de US$ 10 milhões (mais de R$ 50 milhões). Esse é o caso da base de Guantánamo, no sul de Cuba.
A segunda categoria são as chamadas Bases Menores, ou Lily Pads. Essas, ainda segundo o Pentágono, também são bases dos EUA, porém menores: possuem menos de 10 acres e custam menos de US$ 10 milhões.
A terceira categoria são bases que não pertencem aos EUA, mas onde o exército estadunidense opera com total controle ou controle parcial por meio de acordos bilaterais. O Centro Espacial de Alcântara, no Maranhão, está nesta categoria.
Por fim existem as Bases Não Confirmadas. Essas, como nome diz, não são confirmadas nem pelo Pentágono nem pelos governos locais. Tratam-se de bases onde o exército estadunidense supostamente atua, segundo denúncias de organizações civis.
O SOUTHCOM, segundo descreve em seu próprio site, possui “um pessoal de mais de 1.200 militares e civis representando o Exército, a Marinha, as Forças Armadas, Fuzileiros Navais, Guarda Costeira e várias outras agências federais”.
O número de militares no Comando do Sul é muito inferior ao de outras regiões do globo como o Japão, que possui mais de 51 mil militares estadunidenses, ou a Alemanha, que tem mais de 47 mil. Ainda assim, segundo o site do SOUTHCOM, o número já foi de 135 mil na Segunda Guerra Mundial, o que indica que poderia aumentar consideravelmente com um eventual conflito entre Venezuela e Guiana.
Edição: Rodrigo Durão Coelho