A organização da 20ª Jornada de Agroecologia entregou nesta sexta-feira (24) a representantes do governo federal, parlamentares e lideranças de partidos uma lista de reivindicações. A principal delas é a estruturação de fundo para a transição da matriz ecológica da agricultura no país.
O fundo, segundo as mais de 60 movimentos ligados à jornada, asseguraria bioinsumos, investimentos, e pesquisa para “estruturar cadeias de produção de alimentos saudáveis, geração de renda, abastecimento alimentar para as políticas públicas e comercialização da produção.”
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Além da criação do fundo, organizadores da jornada pediram terras para as mais de 60 mil famílias acampadas no país e para comunidades indígenas e quilombolas. Cobraram também a criação de uma política de “despejo zero”, a qual protegeria as cerca de 100 mil famílias que vivem em áreas, públicas ou privadas, ocupadas em cidades.
A entrega da pauta de reivindicações ocorreu num ato político realizado no campus Rebouças da Universidade Federal do Paraná (UFPR). É lá também que acontece a Jornada de Agroecologia, evento que vai até domingo.
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“Precisamos garantir terra, casa, comida e trabalho para nosso povo. Isso é o básico para viver”, afirmou Roberto Baggio, líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) no Paraná, a autoridades convidadas para o ato.
O governo federal enviou Manoel Caetano, advogado de Lula em processos da Lava Jato e membro da Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência, e Lilian dos Santos Rahal, secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), para o evento, junto com representantes do Incra, Conab e Ibama.
Também participaram a deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e os deputados estaduais do Paraná Professor Lemos (PT) e Goura (PDT).
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Lemos é coordenador da Frente Parlamentar de Agroecologia e da Economia Solidária na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Disse que o grupo propôs uma emenda parlamentar para destinação de R$ 30 milhões do orçamento do estado ao setor.
Gleisi reforçou a importância da agroecologia como forma de produção e também da mobilização de seus produtores para a eleição de Lula em 2022. Ele disse que o governo está buscando retomar políticas de apoio à agricultura familiar abandonadas durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Destruir é fácil. Reconstruir é difícil”, disse.
20ª Jornada de Agroecologia
A 20ª Jornada de Agroecologia foi aberta na quarta-feira (22). Ela conta uma feira da agrobiodiversidade, de artesanato e espaço para alimentação.
Neles, são vendidos produtos dos assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de povos indígenas, de comunidades tradicionais e de coletivos da Economia Solidária, incluindo empreendimentos econômicos solidários da Rede Mandala – Rede Paranaense de Economia Solidária Campo Cidade.
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Também acontecerão durante a jornada rodas de conversas sobre agroecologia e saúde popular. Ainda estão previstos atos políticos e uma marcha por Curitiba.
Esta é a quarta vez consecutiva que a capital do Paraná recebe a jornada. Ela foi criada em 2002 e já passou por diversas regiões do estado.
A 20ª Jornada de Agroecologia é organizada de forma conjunta por cerca de 60 organizações, movimentos populares, coletivos e instituições de ensino.
Edição: Rodrigo Durão Coelho