Jovens de diversas regiões do Rio de Janeiro renovaram o compromisso na construção de um projeto popular para a juventude fluminense durante o 4º acampamento estadual do Levante Popular da Juventude. O encontro aconteceu entre os últimos dias 16 e 20 de novembro, em Tinguá, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e trouxe como lema “Juventude quer viver: aquilombar por um Rio de cultura, educação e lazer”.
Além de proporcionar um momento de encontro e reflexão com toda militância estadual, o acampamento também teve o objetivo de aprofundar a organização popular nos territórios do Rio de Janeiro a partir das demandas da juventude. É o que explica a militante do Levante Maíra Marinho.
“A luta política para a juventude precisa aglutinar debates para que a gente consiga analisar e entender o momento que nós vivemos, mas também envolver cultura e arte porque essas são as ferramentas de expressão da nossa opinião política”, afirma Maíra.
Leia mais: Caso Josenildo: Após 14 anos, irmão de lanterneiro relata alívio com condenação de policiais
Atividades como rodas de conversas refletiram sobre os atuais desafios da juventude fluminense, sendo a segurança pública o principal tema que afeta os jovens favelados e periféricos. Maíra ressalta que três das cinco maiores chacinas policiais da história do estado do Rio de Janeiro aconteceram durante o governo de Cláudio Castro (PL), o que representa uma grave ameaça à vida da juventude negra nas favelas.
“Embora a gente tenha conseguido uma grande vitória eleitoral a nível nacional com a eleição do Lula, a gente percebe que no Rio de Janeiro ainda temos muito o que avançar. O governo Castro, na verdade, representa uma insegurança para a vida da juventude preta Fluminense. Isso demonstra que os movimentos populares precisam estar atentos provocando lutas e organização popular dessa juventude favelada preta e periférica”, disse.
Juventude quer ser feliz
Para Maíra Marinho, um projeto popular pensado para a juventude fluminense deve subsidiar políticas públicas de lazer e cultura e também impulsionar iniciativas já realizadas nos territórios.
"A gente quer mais fomento para a cultura que já é produzida nos territórios favelados e também políticas de lazer porque a juventude quer ser feliz. Ser feliz significa ter liberdade, ter acesso à educação e significa também aquilombar que é um sentido histórico da organização dos negros e negros ao longo da história desde o período da escravidão. A gente percebe que é nessa auto-organização do aquilombamento que consiste a organização de forças para poder pautar um projeto popular de Rio de Janeiro", pontua a militante.
Leia também: No Rio, encontro de religiões de matriz africana terá programação gratuita na Pequena África
Oficinas e atrações culturais também fizeram parte da programação. O evento contou ainda com a participação da deputada estadual Marina do MST (PT), do presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) Marcelo Freixo, e de representantes de movimentos sociais e partidos políticos.
“Nesse acampamento foi muito legal contar com a presença dos companheiros do Quilombo da Gamboa e também do pessoal da favela do Lixão de Caxias através de uma articulação que nós fizemos com a ONG Um Olhar. Então contamos com presença de muitas mães, mulheres, jovens negros e negras que estão envolvidos com políticas de cultura e arte para juventude”, completa Maíra.
O Levante Popular da Juventude é um movimento que se organiza em todo Brasil e no Rio de Janeiro desde 2012. Assim como nas edições anteriores, o 4º acampamento estadual aconteceu na reserva do Tinguá em parceria com o Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias (Sindipetro Caxias).
Edição: Mariana Pitasse