A 12ª edição do Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), com o lema Agroecologia na Boca do Povo, trará ao Rio de Janeiro uma robusta programação científica e acadêmica, além de diversas atividades que discutem a alimentação em conexão com a saúde pública, direitos sociais, justiça climática, produção de conhecimentos, economia e bem viver.

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A Cozinha das Tradições é uma dessas atividades que inova ao juntar a contribuição de pesquisadoras das áreas da nutrição, história, antropologia, sociologia, artística e arquitetura, com a valorização dos saberes das mestras agricultoras e cozinheiras, rurais e urbanas, detentoras de saberes tradicionais de diferentes regiões do estado.

Entre os dias 21 e 23, a Cozinha das Tradições vai reunir variados segmentos culturais das cozinhas tradicionais fluminenses, como a de roça, a quilombola, a de rua, a agroecológica com aproveitamento integral, a de referência nordestina, a de santo, a que abrange o samba e seus ritos, entre outras expressões, para bate papos e realização de pratos com mais de 200 anos de história.  

Voluntários e povos e comunidades tradicionais do Rio estão concluindo a construção de duas pequenas casas de pau a pique, fornos e fogões feitos a partir de mestres indígenas e quilombolas. Nela haverá um forno feito a partir de referências de mestres indígenas e quilombolas. É nesse ambiente que serão preparadas receitas que trazem a ancestralidade dessa cultura, com alimentos do mar, terra e rios.

Serão cerca de 20 pratos como o Cantão de Banana, do Quilombo Conceição do Imbé (Campos dos Goytacazes); Fubá Suado, do Quilombo Cruzeirinho (Natividade); Peixe a moda quilombola, do Quilombo Baía Formosa (Búzios), que recentemente levou o prato para o Degusta Rio, em Búzios; Angu com Taioba, do Quilombo Cafundá Astrogilda (Vargem Grande, Zona Oeste do Rio), Sopa do Mato, do Quilombo Doa Bilina (Campo Grande, Zona Oeste do Rio); Paçoca de Banana Verde, Quilombo do Campinho (Paraty), entre muitos outros.

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O espaço terá ainda a Casa da Fala e a Casa da Escuta, construídas para trazer voz a essas memórias ancestrais de forma interativa. Quem chegar nessas pequenas edificações poderá ouvir as dezenas de narrativas de diversas regiões do estado, com os saberes de quilombolas, indígenas, caiçaras e mulheres agricultoras.

Já na Casa da Fala, os participantes do CBA poderão gravar suas memórias e tradições alimentares, contribuindo para ampliar as experiências na Casa da Escuta. Esse material resultará em uma biblioteca de áudio disponibilizada ao final do Congresso para que todos possam conhecer esses saberes culinários centenários.

A Cozinha das Tradições fica na Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi/Uerj), com acesso livre, das 09h30 às 16h, e será um dos legados do CBA, podendo ser utilizada por professores, estudantes, povos tradicionais e a comunidade da Escola de Desenho Industrial da UERJ. 

Programação Cozinha das Tradições

21/11
09h30-11h: Roda de conversa: Saberes da Cozinha Quilombola- Os alimentos da vida cotidiana. 
11h15-12h: Oficina: Cozinha Quilombola Urbana: a força do rio, da mata e da terra.  
11h15-12h: Oficina: Cozinha Quilombola Urbana - O sustento da mata. 
14h-15h: Oficina: Cozinha Indígena - Do peixe a farinha - O sabor que vem do fogo.
14h-15h: Oficina: Cozinha Indígena - Da mandioca ao milho, sabor das aldeias.
15h15-16h Oficina: Cozinha da Região Serramar - Memórias da mata e memórias do mar

Dia 22/11
09h30-11h: Roda de conversa: Memórias que se encontram: Quilombolas e Caiçaras no mar e na terra - Costa Verde
11h15-12h: Oficina: Cozinha Quilombola da Costa Verde: o modo de fazer do coração ancestral.
11h15-12h: Oficina: Cozinha Caiçara da Costa Verde - memórias do Mar 
14h-15h: Roda: Conversas de Quilombo: sobre o saber e fazer das tradições culinárias
15h15-16h Oficina: Cozinhas Quilombolas em diálogo - pratos ancestrais

Dia 23/11
09h30-11h: Roda de conversa: Da Cozinha da Favela para Nordestinos e Terreiros 
11h15-12h: Oficina: memórias que se cruzam

 

 

Edição: Eduardo Miranda