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Como um aplicativo que aceita moeda social popularizou a corrida de táxi em Maricá (RJ)?

“Não imaginava levar um indígena no meu táxi, já é efeito do aplicativo”, conta motorista de Itaipuaçu

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Município que já conta com tarifa zero no transporte público lançou o aplicativo MumbuCar para conectar taxistas e passageiros - Leonardo Fonseca/Prefeitura de Maricá

A moeda social Mumbuca passou a ser aceita como pagamento por taxistas em Maricá, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, com o lançamento do MumbuCar. O aplicativo, que leva o nome do programa de Renda Básica de Cidadania (RBC) em circulação há dez anos da cidade, promete desbancar empresas privadas por facilitar o acesso, oferecer vantagens como descontos e mais segurança a motoristas e passageiros.

Em menos de seis meses, a plataforma já conta com 246 motoristas cadastrados e tem impulsionado as corridas de táxi na cidade. Na modalidade passageiro os downloads somam 1.792 desde o lançamento. Para pagar com a moeda social, o usuário precisa criar uma conta e cadastrar o número do cartão Mumbuca do qual o valor da corrida será descontado. Outras formas de pagamento também são aceitas, como cartão de débito, crédito, pix e dinheiro.

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O adesivo no carro ajuda a identificar e atrair a curiosidade dos passageiros que perguntam sobre o MumbuCar entre uma corrida e outra. O motorista Diego de Lima e Silva, de 33 anos, comemora a chegada de novos clientes que passaram a utilizar o táxi com a moeda social. 

“Aqui em Itaipuaçu, em São José do Imbassaí, têm aldeias indígenas. Uma das corridas que fiz do meu MumbuCar foi de um indígena. Peguei ele no Barroco e levei na aldeia indígena em Morada das Águias em Itaipuaçu. Então, você já vê como a gente está captando novos clientes. Não imaginava levar um indígena no meu táxi, é um cliente inusitado. Isso já é efeito do aplicativo”, relata Diego que vive exclusivamente do trabalho como taxista há oito anos.

O pai de família viu sua renda e de outros colegas cair drasticamente quando empresas de transporte por aplicativo chegaram e, depois, durante a pandemia. Para Diego, a iniciativa da prefeitura de girar a Mumbuca no serviço de táxi vai além de só aumentar o faturamento dos taxistas. 

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“O diferencial é que ele atinge pessoas de baixa renda até pessoas de maior poder aquisitivo. Quando a gente fala de MumbuCar consegue falar de igualdade social. Pessoas que não costumavam usar o serviço de táxi hoje passam a utilizar e automaticamente aumenta a nossa renda”, ressalta o motorista.

“Antigamente o táxi era visto dessa maneira, que só andava de táxi quem tinha dinheiro. Agora, o MumbuCar aceita todos os meios de pagamento e a moeda solidária. Esse é o grande diferencial”, completa Diego.

Comodidade e segurança

A aposentada Elmira Couto, de 63 anos, foi convencida pelo marido a experimentar o novo aplicativo. Ela afirma que não demorou a se familiarizar com a ferramenta e já pediu duas corridas, do Fórum para o terminal de ônibus e de Itaipuaçu, onde ela mora, para o centro de Maricá. 

“Meu marido começou a trabalhar agora com o MumbuCar e trouxe um papelzinho para baixar o aplicativo e usar quando precisar. Não sou chegada a Uber, essas coisas, mas ele disse que era mais fácil. De início achei complicado, precisei cadastrar, mas depois foi tranquilo. No preço não vi diferença”, conta a passageira.

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Segundo a Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar), uma atualização em desenvolvimento vai permitir que motoristas ofereçam descontos nas corridas. Além de não cobrar taxas, o aplicativo não impõe tarifa dinâmica como é praticado no mercado, o que aumenta o valor da corrida quando há alta demanda. 

A cidade de Maricá foi uma das primeiras do país a implantar o sistema tarifa zero nos ônibus, o que representa uma economia de 20% na renda familiar.  Para o motorista Diego de Lima e Silva, o aplicativo de táxi é mais uma comodidade para moradores nas situações do cotidiano e visitantes que também podem baixar o MumbuCar, já que ele funciona da mesma forma que os demais.

“A pessoa sai do mercado com o carrinho cheio de compras, por exemplo. Tem Uber que não gosta de atender corrida em porta de mercado, aí o pessoal fica na mão. Tinha essa mentalidade de que pegar um táxi ia ser muito caro. A gente coloca as compras pesadas e leva a pessoa no Minha Casa Minha Vida que é o condomínio Carlos Marighella que tem aqui em Itaipuaçu”, disse. 

O MumbuCar foi desenvolvido pela Codemar e pela Secretaria Municipal de Transportes. Passageiros podem baixar o MumbuCar nos celulares Android e iPhone. Por enquanto, a versão para motoristas está disponível apenas para Android.

Edição: Jaqueline Deister