Até o meio-dia deste domingo (22), quase 29% dos eleitores já votaram na Argentina, afirmou a Câmara Nacional Eleitoral. O número é maior do que o registrado no mesmo horário durante as prévias, em agosto.
O país escolhe neste domingo, em primeiro tuno, o próximo presidente da República, em meio a cenário de instabilidade econômica. As urnas abriram às 8h e a votação segue até às 18h.
Para facilitar a logística, o transporte público hoje está gratuito no país. Os resultados da eleição serão divulgados a partir das 22h.
O pleito tem registrado ampla participação de eleitores que estão fora da Argentina. São quase 500 mil eleitores que estão fora do país aptos a votar. O Brasil acolhe a terceira maior população de argentinos fora do país, com 19.842.
40 anos de democracia
Os três principais candidatos já votaram. O candidato a presidência Sergio Massa, da coalizão União pela Pátria, fez uma defesa da democracia e considerou esta como uma das eleições mais importantes da história da Argentina.
"Hoje é um dia que nos obriga a trabalhar pensando na consolidação dos 40 anos de democracia, pensando no futuro da Argentina, com esperança e convicção. Temos uma tarefa enorme, quem quer que governe", afirmou. "Nossa responsabilidade é cuidar dos argentinos, de seu trabalho e de suas economias. Todo o resto faz parte de tentar influenciar de alguma forma a vontade do povo, causando medo."
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O ultraconservador Javier Milei, da coligação A Liberdade Avança, votou por volta de 13h e afirmou que ele e seu grupo estão "em condições de criar o melhor governo da história".
O atual presidente da Argentina, Alberto Fernandez, votou na manhã de hoje e evitou fazer comentários sobre o que pode acontecer neste processo eleitoral, alegando que estaria respeitando as regras do pleito. Em linhas gerais, Fernandez afirmou que "depois de 40 anos, os argentinos estão decidindo o seu futuro".
Já o ex-presidente Maurício Macri, padrinho político da candidata da direita neoliberal Patricia Bullrich, furou fila e desrespeitou as regras eleitorais, ao fazer críticas ao governo e afirmar que haverá segundo turno nas eleições presidenciais. "Hoje é um dia de esperança, onde espero que todos nos esclareçamos e votemos no futuro que merecemos. Podemos avançar, não podemos estar condenados ao que vivemos hoje", afirmou.
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Identidade
As Avós da Praça de Maio, organização histórica que luta pela memória dos desaparecidos políticos durante a ditadura militar, fizeram um apelo para que os eleitores compareçam às urnas usando identidade. O objetivo é ajudar netos e netas desaparecidos durante a ditadura e que ainda não conhecem a verdadeira identidade.
"No 46º aniversário das Avós da Praça de Maio, coincidindo com as eleições nacionais, lembremos que ainda procuramos 300 pessoas que ainda vivem com sua identidade falsificada pelo terrorismo de Estado", afirmou a entidade.
Edição: Nicolau Soares