No evento comemorativo dos 20 anos do Bolsa Família, realizado nesta sexta-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou a capacidade do programa de distribuir renda e garantir acesso à alimentação para os beneficiários. Além disso, ele reafirmou o objetivo de, até o fim de seu terceiro mandato, "acabar com a fome no país".
"Pouco dinheiro na mão de muitos com o Bolsa Família significa a possibilidade de pessoas comerem três vezes ao dia, continuarem na escola e não evadirem, tomarem vacina, viverem ao máximo e que não morram aos 2 meses de desnutrição. E por isso que temos que adotar o lema 'pouco dinheiro na mão de muitos significa distribuição de renda'", afirmou o presidente.
Lula também criticou o governo Bolsonaro e disse que, em nove meses, sua gestão recuperou 42 políticas de inclusão social. "Já conseguimos incluir quase todas políticas que foram desmontadas pelo governo anterior", disse. "Essa gente não pensa com o coração, essa gente muitas vezes pensa com o olho da irracionalidade", seguiu.
Por fim, o petista reafirmou o seu compromisso de governo de acabar com a fome no país novamente. "Penso que dia de hoje é o dia da gente poder olhar fundo na cara dos nossos filhos e de cada criança desse pais e dizer, 'até 31 de dezembro de 2026 nos vamos acabar com a fome nesse pais'. Nós vamos fazer as pessoas comerem três vezes ao dia, e se quiser comer quatro que coma. A gente quer as pessoas comendo comida saudável, por isso junto com o PAA [Programa de Aquisição de Alimentos] a gente tem que ajudar, através do Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar], os pequenos produtores a produzir comida de qualidade".
A fala de Lula ocorre na semana em que o governo federal anunciou um aporte extra de R$ 250 milhões no PAA, iniciativa do governo para comprar produtos de pequenos produtores rurais e distribuir para famílias necessitadas por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O anúncio foi feito na segunda-feira (16), dia em que foi celebrado o Dia Mundial da Alimentação.
Homenagens
A cerimônia para comemorar os 20 anos do Bolsa-Família, o principal programa social criado pelas gestões petistas lotou o auditório do Ministério do Desenvolvimento Social, em Brasília e contou com a participação dos ministros Wellington Dias (MDS), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Marina Silva (Meio Ambiente), a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano, e secretárias do Ministério do Desenvolvimento Social.
O evento foi aberto com o depoimento de uma ex-beneficiária do Bolsa-Familia, Raquel Lima Clemente, do Espírito Santo, que deixou o programa e hoje tem seus dois filhos formados em engenharia mecânica. "Nunca imaginei que um dia falaria para tanta gente com tanta câmera", disse emocionada. "Hoje sou psicóloga formada pela Universidade Federal do Espírito Santo, mas nem sempre foi assim. Quando tinha 10, 12 anos eu tinha que trabalhar em casa de família para ajudar minha mãe e meu pai", contou Raquel.
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Também presente no evento, o coordenador de acompanhamento e execução orçamentária e financeira da Secretaria Nacional de Renda e Cidadania, Sérgio Monteiro, foi um dos homenageados por atuar no programa desde seu início. "É uma honra e privilegio muito grande poder representar todos os funcionários do Ministério do Desenvolvimento Social que atuaram e atuam com o programa. Estou no programa desde o início. Eu acompanhei o desenvolvimento desse programa. O programa nasceu, o programa morreu e o programa ressuscitou", afirmou Sérgio.
Evolução dos gastos e superação da pobreza
A cerimônia também contou com discursos da presidente da Caixa, Maria Rita Serrano e do ministro do Desenvolvimento Social Wellintgon Dias, que destacaram a evolução do programa e os desafios de garantir melhorias na vida da população mais pobre para além do benefício somente.
A presidente da Caixa afirmou que o programa hoje atende 21 milhões de famílias, impactando 27% da população brasileira, com um repasse médio de R$ 14 bilhões por mês. Ela aproveitou ainda para anunciar que o banco vai fornecer, até o final do ano, 8 milhões de cartões de débito aos beneficiários. "Estamos realizando a entrega de 8 milhões de cartões de débito para famílias que não tinham essa função antes. Já entregamos 2,5 milhões e até dezembro vamos entregar o restante", afirmou.
Já Wellington Dias destacou que 64% dos filhos da primeira geração de beneficiários do programa social deixaram a pobreza, o que contribuiu para o país chegar a ter 54% da população na classe média e citou estudo do Banco Mundial reconhecendo a importância do programa. "Nesses 20 anos, o que diz o Banco Mundial: 'sim tem resultados'. Daquela primeira geração, 64% dos filhos das famílias do Bolsa Família saíram da pobreza e muitos foram para a classe média, o que mostra que a integração saúde e educação, com outros programas, dá resultado".
Ele lembrou ainda que o programa agora garante uma permanência do benefício mesmo para aqueles que conseguem emprego de carteira assinada. "O programa agora tem uma novidade, entrou na área de proteção. Agora assina a carteira, tem a renda do trabalho, de um negócio e nós aqui fazendo a medição, uma folha de pagamento do Bolsa Família que é uma folha viva, que é revista todos os meses", afirmou o ministro. Segundo ele, hoje mesmo com emprego, se a renda per capita da família de um beneficiário ficar abaixo de R$ 208, ele segue recebendo o benefício integral. Se a renda per capita ficar entre R$ 208 e R$ 660, o beneficiário terá direito a continuar recebendo 50% do benefício.
Recuperação
O presidente gravou seu discurso para o evento ao lado da primeira-dama Janja Lula da Silva, sentado em uma mesa do palácio do Alvorada. Ao final, se levantou da cadeira para mostrar a recuperação após a cirurgia no quadril, realizada no final de setembro. "Já estou levantando sozinho to ficando em pé, o Mano Menezes já me chamou para voltar a jogar no Corinthians, o Diniz está pensando em me chamar para a seleção, eu estou pronto para o combate outra vez", afirmou o petista sob aplausos.
Edição: Thalita Pires