A reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) emitiu uma nota na última quarta-feira (18) informando que solicitou às autoridades do estado do Rio reforço no policiamento no campus da Cidade Universitária, conhecido como Fundão, por conta da Operação Maré, em que forças policiais têm feito incursões diárias no Conjunto de Favelas da Maré, na zona Norte, da capital fluminense. A instituição de ensino está próxima da área da operação.
A universidade destacou que as atividades estão mantidas, mas que faltas de pessoas que residam nas proximidades da área onde ocorre a operação policial serão abonadas.
“As faltas de membros do corpo social que residam em áreas de conflito devem ser abonadas e avaliações de discentes devem ser evitadas. Caso ocorram, está assegurado o direito de nova avaliação para os estudantes residentes destas áreas”, destaca o comunicado.
A instituição também informou que é comprometida com os direitos humanos e que já convidou especialistas na área de segurança da UFRJ para adoção de protocolos que garantam a segurança da comunidade universitária.
“Condenamos quaisquer ações que ponham em risco ou desrespeitem a população que reside nas áreas conflagradas. A reitoria solicitou audiência com o Governo do Estado para garantir a liberdade de locomoção da nossa comunidade acadêmica e o respeito aos direitos humanos da população destas áreas”, afirma o texto.
Mobilização estudantil
O Diretório Central dos Estudantes da UFRJ Mario Prata marcou para esta quinta-feira (19) uma reunião aberta on-line para debater o protocolo de segurança pública da universidade e as demandas dos estudantes frente às operações policiais.
“Nos últimos dias, as operações policiais nas favelas da Maré, Vila Cruzeiro e Cidade de Deus foram aterrorizantes para os moradores de favela. Estudantes estavam impedidos de chegar à universidade, principalmente à Ilha do Fundão", afirma a convocação que ressalta como "fraca" a medida adotada pela universidade.
"As medidas tomadas pela reitoria demonstram uma fraca preocupação com o corpo estudantil nesse cenário. Nós do DCE Mario Prata convocamos todo o copo da UFRJ para comparecer nos conselhos (CEG e CONSUNI) para pautar um protocolo para casos de operações policiais na cidade do Rio de Janeiro”, diz o chamado do DCE.
A Operação Maré foi deflagrada após uma investigação de dois anos da Polícia Civil descobrir um centro de treinamento do crime que funcionava numa quadra no Parque União. A ação é também uma resposta às mortes de três médicos, executados por engano, num quiosque na Barra da Tijuca, na zona Oeste do Rio.
O balanço da Operação Maré, focada não só no conjunto de favelas, mas também em outras áreas da cidade, aponta que 28 pessoas foram presas, 103 carros, 14 fuzis e 100 quilos de pasta base de cocaína foram apreendidos.
*Com informações de O Globo.
Edição: Jaqueline Deister