Nesta quinta-feira (19), diversos protestos aconteceram em capitais do país em defesa da paz no Oriente Médio e pelo imediato cessar-fogo na Faixa de Gaza. O números de mortos desde 7 de outubro chegou a 5,1 pessoas – 3.785 do lado da Palestina e 1,3 mil de Israel. No Rio de Janeiro, o ato foi organizado por dezenas de organizações políticas, movimentos sociais e sindicatos e teve como tema principal a relação entre a guerra Israel e Palestina com o cenário do dia a dia das favelas cariocas.
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As aproximações são inúmeras, segundo Gizele Martins, comunicadora popular e defensora de direitos humanos do Conjunto de Favela da Maré, no Rio, que em julho esteve na Palestina com outros representantes de movimentos de favelas, negros e indígenas do Brasil, Colômbia e Equador.
"As armas que matam lá são as mesmas que matam aqui. As tecnologias de vigilância e controle que fazem com as vidas palestinas são as mesmas que matam nas favelas cariocas. São as mesmas empresas, técnicas, policias e Estados tentando colonizar e controlar a gente", argumentou em entrevista ao Brasil de Fato.
Além da ofensiva comum, ela destaca que a resistência também é uma proximidade. "O que a gente tem em comum é luta internacionalista, a força dos favelados pelo direito à vida, é força dos palestinos também. Fui convidada para visitar a Palestina porque me viram falando sobre a realidade das favelas no Rio, para pensar a lutas em conjunto, para nos fortalecer e fazer a mensagem chegar a outros cantos do mundo", contou.
Enquanto as pessoas se aglomeravam para participar do ato na Cinelândia, em frente a Câmara Municipal do Rio, no microfone, Gustavo Cunha, vice-presidente regional da União Nacional dos Estudantes (UNE), afirmou ser preciso convencer a sociedade dos ataques sofridos pelo povo palestino.
"Precisamos convencer a sociedade de quanto é bizarra essa guerra. Precisamos disputar essa narrativa que está sendo publicizada pela mídia hegemônica. É um genocídio contra o povo palestino. Mostrar solidariedade a eles", disse.
A UNE divulgou uma carta, assinada por outras dezenas de entidades nesta quinta-feira (19), em que defende a abertura de corredores humanitários e caracteriza o cerco e os ataques israelenses como parte de um processo de genocídio e de limpeza étnica.
Para Milena Monteiro, militante do Levante Popular da Juventude, a mobilização pelo fim da guerra é coletiva e ultrapassa barreiras territoriais dos países.
"Desde que os ataques intensos começaram, em todo o mundo, o povo está indo para rua, entendendo a luta pela libertação do povo palestino é uma luta de todo o mundo, uma luta coletiva. Os trabalhadores, os movimentos sociais, os sindicatos tem que lutar contra todo o tipo de opressão. É muito importante a gente se posicionar contra, pressionar as autoridades e mostrar solidariedade", disse ao Brasil de Fato.
Edição: Mariana Pitasse