A CUT abre nesta quinta-feira (19) seu 14º Congresso Nacional, o Concut, em momento histórico bastante distinto do anterior. Se em 2019 o movimento sindical – que já sofria os efeitos de uma “reforma” trabalhista que enfraqueceu entidades e encolheu direitos – teve de enfrentar um governo explicitamente hostil, agora o ambiente político é mais favorável à negociação e ao diálogo. Exatamente como aconteceu há 20 anos, a central faz seu principal evento tendo como presidente da República alguém que ajudou a eleger.
Depois de um prolongado período de “terra arrasada”, com Michel Temer e Jair Bolsonaro, as centrais sindicais veem um momento de reconstrução e retomada de direitos. A “reforma” de 2017, por exemplo, não será revogada, mas alguns pontos deverão ser revistos. E é preciso pensar naqueles que estão fora da proteção legal.
Inflexão histórica
O presidente da CUT, Sérgio Nobre, considera a eleição de Lula em 2022 “a maior vitória da classe trabalhadora dos últimos anos, uma inflexão na nossa história”. Mas há muitos desafios pela frente, acrescenta. Os “eixos” do Concut são direitos sociais para os informais e excluídos, defesa permanente da democracia e desenvolvimento sustentável.
A abertura oficial será realizada apenas à noite, na zona norte de São Paulo. Antes, pela manhã um seminário internacional ajuda a dar o tom do congresso, com o tema Democracia, trabalho e combate à extrema direita. Além dos mais de 2 mil delegados, estarão presentes 138 líderes e autoridades de 40 países, da China aos Estados Unidos. O congresso termina no domingo (22), com a eleição da nova direção e executiva nacional, para um mandato de quatro anos.
CUT nasceu há 40 anos
Durante o evento, a CUT também vai celebrar seus 40 anos, completados em 28 de agosto. A central foi a primeira a ser criada no marco da reorganização sindical, ainda sob a ditadura, a partir da 1ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat) realizada em 1981 em Praia Grande (SP). Exatamente o local do congresso anterior da CUT, em 2019.
Também serão homenageados os vencedores do 4º Prêmio CUT Liberdade e Democracia, Sempre. Em seis categorias, os vencedores foram o padre Júlio Lancellotti, a ministra Cida Gonçalves, a ialorixá Mãe Bernadete, o jornalista Leandro Demori, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Revista Fórum. A central também premiará os vencedores do Concurso de Fotografia, Escultura e Música, organizado como parte das comemorações pelas quatro décadas de existência.