O presidente dos EUA, Joe Biden, realiza uma visita oficial a Israel nesta quarta-feira (18), no dia seguinte ao bombardeio de um hospital em Gaza que deixou mais de 500 pessoas mortas, considerado um ataque sem precedentes conta palestinos na região, inicialmente atribuído a Israel.
Biden defendeu a versão de Israel sobre o ataque, que negou as acusações sobre a autoria do massacre e culpou a Jihad Islâmica. A organização islâmica que atua em Gaza, e é próxima ao Hamas, também negou qualquer envolvimento no bombardeio.
"Parece que foi feito pelo outro lado", disse Biden durante uma entrevista coletiva conjunta com Netanyahu.
A viagem de Biden se transformou em uma delicada missão diplomática na medida em que uma onda de indignação toma conta do Oriente Médio em conexão com o massacre do hospital em Gaza na terça-feira (17). Países como Turquia, Qatar, Síria, Arábia Saudita, Irã, ligaram o ataque às ações de Israel contra palestinos em Gaza. Protestos pró-Palestina também tomaram as ruas de países Jordânia, Turquia, Líbano, Irã e Iraque.
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Já o presidente dos EUA, em reunião com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reafirmou o apoio irrestrito a Israel "hoje, amanhã e sempre".
"Os Estados Unidos estão do seu lado para defender a liberdade, alcançar a justiça e apoiar a paz. Hoje, amanhã e sempre, prometemos-lhe", disse o presidente estadunidense. Ele acrescentou que Washington continuará a trabalhar com Israel e parceiros na região "para evitar mais tragédias para pessoas inocentes e pacíficas".
Joe Biden se solidarizou com o povo israelense em meio ao agravamento do conflito na região, mas, novamente, não mencionou as mortes de palestinos provocadas por Israel. Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro, que deixou mais de 1.300 mortos e 4.229 feridos em Israel, mais de 3 mil pessoas morreram e 12.500 ficaram feridas do lado palestino, segundo os últimos dados da ONU.
Já o ministro das Relações Exteriores palestino, Riad al-Maliki, nesta quarta-feira (18) acusou Israel de ter o hospital Al-Ahli na Faixa de Gaza como alvo deliberado, acrescentando que os residentes do enclave estavam sendo submetidos a um genocídio.
Durante uma reunião da Organização para a Cooperação Islâmica na Arábia Saudita, o chanceler palestino observou que os militares israelitas já teriam tentado bombardear o hospital há dois dias, tendo avisado os médicos que lá trabalhavam sobre isso para que fosse realizada uma evacuação.
A Defesa Civil Palestina chegou a declarar que o ataque israelense ao hospital em Gaza foi o mais mortífero em cinco guerras travadas desde 2008.
"O massacre no Hospital Al-Ahli Arab não tem precedentes na nossa história. Embora tenhamos testemunhado tragédias em guerras e dias passados, o que aconteceu esta noite equivale a um genocídio", disse o porta-voz do órgão palestino, Mahmoud Basal, à Al Jazeera, na última terça-feira (17).
China e Rússia condenam ataque mas têm cautela em atribuir culpados
Ao se referir ao ataque ao hospital nesta quarta-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não mencionou a autoria do ataque, que classificou como uma "tragédia injustificável", em sua conta oficial no X (antigo Twitter).
O presidente russo, Vladimir Putin, classificou o ataque ao hospital na Faixa de Gaza como um desastre e um sinal para um fim rápido do conflito entre Israel e o grupo Hamas. A declaração foi durante uma coletiva de imprensa em Pequim, onde o líder realiza visita oficial.
"A tragédia que aconteceu é um acontecimento terrível. Centenas de mortos e centenas de feridos, isto é, obviamente, um desastre. Num só lugar, especialmente num local de natureza humanitária. Eu realmente espero que este seja um sinal de que este conflito precisa terminar o mais rápido possível", disse Putin.
Após o ataque e as declarações do lado israelense negando o seu envolvimento, a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, apelou às autoridades do país para que fornecessem imagens de satélite para provar o seu não envolvimento na tragédia.
Já a China também condenou o "ataque" ao hospital, mas não culpou diretamente nem Israel nem o lado palestino pelo bombardeio. "A China está chocada e condena veementemente o ataque a um hospital em Gaza, que causou enormes vítimas", disse um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
"Expressamos nossas condolências pelas mortes e nos solidarizamos com os feridos. A China pede um corredor humanitário e cessar-fogo imediatos. Apelamos a que sejam feitos todos os esforços possíveis para proteger os civis e evitar uma catástrofe humanitária ainda pior”, acrescentaram as autoridades chinesas.
Edição: Leandro Melito