Uma das mais importantes figuras da militância nacional, a coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Nalu Faria, foi velada neste domingo (8), na cidade de São Paulo. A cerimônia reuniu amigas, amigos, familiares, companheiras e companheiros de luta.
Em atuação no movimento feminista desde a década de 1980, ela se tornou símbolo de luta e resistência e influenciou diretamente a articulação pelos direitos das mulheres no Brasil. "A Nalu é a expressão viva do exemplo dialógico, ela construía a luta, nos ajudando a lutar. Nalu era nossa melhor dirigente e sabia nos provocar a ser ousadas, a nos arriscar", contou Bernadete Esperança da MMM, durante o velório.
A trajetória da militante começou no movimento estudantil. Ela compôs também coletivos e organizações populares, esteve no Partido dos Trabalhadores (PT) e atuou na Central Única dos Trabalhadores (CUT). Desde 1986 integrava a Sempreviva Organização Feminista (SOF).
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"Ela se dedicou a construir o feminismo em muitos lugares - na Marcha Mundial das Mulheres, na CUT, no PT - e a levar o feminismo para cada canto deste país.", afirmou Sônia Coelho, também companheira de militância na MMM.
Isolda Dantas, deputada estadual do PT do Rio Grande do Norte, pontuou que a memória de Nalu Faria deve fortalecer a continuidade da luta feminista no Brasil. "Ela nos ensinou que é fundamental o movimento de mulheres se aliar a movimentos populares. Nós temos muito de Nalu e temos a tarefa de continuar com a Marcha Mundial de Mulheres e sua luta."
Nalu Faria faleceu na sexta-feira (6), por insuficiência cardíaca. Ela estava internada desde agosto para tratar a condição. Ainda na sexta, a Secretaria Geral da Presidência divulgou nota de pesar. Recebemos, com profunda tristeza, a notícia do falecimento de Nalu Faria (...) Ela formou gerações no feminismo popular e tornou-se uma liderança reconhecida internacionalmente, tendo atuado na construção de grandes eventos como o Fórum Social Mundial e a Marcha das Margaridas", diz o texto.
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Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile ressaltou a atuação de Nalu Faria nas causas populares, "Nalu esteve na construção do feminismo popular e contribuiu para a consolidação do feminismo no MST". Ele também lembrou o engajamento dela nas lutas internacionalistas e na consolidação da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) e da Assembleia Internacional dos Povos (AIP).
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enviou uma coroa de flores ao velório em nome do país vizinho. O cônsul Geral de Cuba, Pedro Monzón Barata, também participou da cerimônia. "Estamos muito comovidos pelo falecimento de Nalu Faria, uma das principais militantes da luta das mulheres na América Latina e no mundo e que sempre teve muita solidariedade com Cuba. Neste momento, ela estava envolvida na campanha de assinaturas em favor de Cuba. Nalu se transformou em semente", disse ele.
Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares, destacou a presença da militante na formação de trabalhadoras, "Muitas vezes a Nalu foi para a periferia deste país para contribuir na formação das mulheres trabalhadoras. Ela foi uma das principais dirigentes de movimentos populares do Brasil."
O velório aconteceu no Espaço Cultural Elza Soares, em frente ao Armazém do Campo, no centro da capital paulista. A região vem se consolidando como um importante ponto de articulação da defesa da democracia e, neste domingo, parou para homenagear Nalu Faria.
Edição: José Eduardo Bernardes