Rio de Janeiro

CULTURA

Projeto Casa da Utopia inaugura nova sede em Queimados, na Baixada Fluminense

Espaço abre na sexta com atividades gratuitas, como reforço escolar, esporte, cultura e empreendedorismo

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
casa da utopia
Casa da Utopia abre na sexta-feira (6); Geladeira Literária é um dos projetos culturais do local - Divulgação

O município de Queimados, na Baixada Fluminense, passará a contar com um espaço de atividades educativas, sociais e culturais a partir da próxima sexta-feira (6), quando será inaugurada a Casa da Utopia, a partir das 18 horas. O projeto é resultado de uma parceria entre o Instituto Casa da Utopia de Niterói e o Projeto Professor Fábio Castelano.

A nova sede funcionará no bairro Vila do Tinguá, com a missão de se tornar uma ‘incubadora de projetos’ e um espaço de acolhimento e afeto para a promoção de direitos humanos na cidade.

Além de uma Biblioteca Popular, o espaço - localizado na Rua Heloísa, 240 - oferecerá gratuitamente serviços como: reforço escolar, karatê infantil, aulas de dança, música e produção cultural, ações solidárias, feiras de empreendedorismo e festivais de cinema. 

Para celebrar a chegada da nova sede a Queimados, a noite de inauguração da Casa da Utopia contará com apresentações de artistas locais: o grupo de black music Crioula (formado por Lucas Silva, Natália Valentim e Douglas Matos); o MC e produtor musical Gordão Bxd, que já se apresentou junto a nomes como Pocah, Jotta Nit e Dipaul4, e o poeta João G. Junior, professor e ativista LGBTI+ que teve obras publicadas em antologias, revistas, sites e blogs nacionais e europeus.

De acordo com o professor Felipp Castelano, o principal objetivo do novo equipamento é atender e dar oportunidade e visibilidade a pessoas que buscam aplicar e desenvolver ideias consideradas “utópicas” mas que têm grande potencial de inovação, criatividade e transformação social para os queimadenses.

"Nosso desejo é manter essa casa aberta a todos aqueles que lutam pela promoção da justiça, transformação e igualdade social em suas diversas formas, como os movimentos antirracistas, LGBTQI+, feminista, das periferias, entre outras minorias. A Casa da Utopia vem transformando a realidade de Niterói desde 2019 e, por isso, fizemos contato para trazer o projeto para Queimados e multiplicar essa ideia de mudança de paradigmas aqui na Baixada Fluminense também”, afirma Castelano.

A Casa da Utopia também será palco de discussões em pautas socioculturais com mesas e rodas de conversas sobre antirracismo, debates sobre feminismo, violências de gênero e LGBTQIA+fobias, cine debates com exibições de produções da Baixada Fluminense e outras atividades que viabilizem o desenvolvimento educacional, social e cultural no município de Queimados.

Ações educativas

Atuante há seis anos, o Projeto Professor Fábio Castelano coleciona ações como a Geladeira Literária – que consiste na oferta gratuita de livros em locais públicos dentro de uma geladeira grafitada –, escambo literário, cinema e saraus de poesia em praça pública, além do pré-vestibular social, que oferece aulas gratuitas a jovens de baixa renda que sonham em ingressar na universidade.

Ingrid de Matos Ferreira, de 24 anos, teve sua vida transformada após frequentar as aulas do pré-vestibular social do projeto. Em 2018, ela foi aluna do PPFC, fez Enem e a prova do Cederj.

"Graças à oportunidade de aprender com o próprio Felipp, a Cristina e outros professores, passei no Cederj para licenciatura em Química no ano seguinte. Meses depois voltei ao projeto como professora, já que eu já tinha a base de conteúdos de vestibular. Foi uma forma de retribuir o que fizeram por mim e ajudar outros jovens a chegar à faculdade para ter um futuro melhor", conta a moradora do bairro São Jorge.

Formado em Letras, o educador e idealizador do projeto conta que nasceu em Japeri, mas mora em Queimados desde os quatro anos de idade. Hoje, o maior desafio apontado por ele para desenvolver ações culturais acessíveis aos moradores é a falta de apoio. O projeto não conta com incentivo governamental de nenhuma esfera e, por isso, depende de doações de entusiastas da causa e patrocinadores simpáticos ao movimento.

Segundo Castelano, a meta é conseguir apoio suficiente para ampliar as ações e ajudar a mudar a perspectiva dos jovens da periferia.

“Nós crescemos na Baixada Fluminense e somos inconformados com essa realidade de ‘cidade-dormitório’, sabemos que temos potencial para ser muito mais. Por isso, lutamos pela literatura, pelo teatro, pela música e pela arte de maneira geral. Todos merecem ter acesso a esse universo transformador", diz ele.

Edição: Eduardo Miranda