Atualmente deputado estadual por São Paulo, o ex-senador da República Eduardo Suplicy declarou publicamente que foi diagnosticado com a doença de Parkinson no final de 2022. A informação foi dada durante uma audiência pública sobre a regulamentação do uso terapêutico e medicinal da maconha na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), realizada em setembro deste ano.
O uso da maconha medicinal para tratar condições de saúde, como a doença de Parkinson, tem sido objeto de pesquisa e debate em diversos países e também na sociedade brasileira. Estudos apontam que compostos da maconha como o Canabidiol (CBD) e o Tetrahidrocanabidiol (THC) têm efeitos terapêuticos por possuírem propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias. Assim, o uso adequado pode auxiliar no tratamento dos pacientes, aliviando sintomas e reduzindo dores.
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No Brasil, já existem precedentes jurídicos que autorizam o plantio e o consumo da planta e de seus derivados, entendendo o caso de cada paciente que busca o tratamento. Entretanto, como esse processo não é regulamentado, em muitos casos isso representa uma barreira para o bem viver da população que necessita dos compostos.
Em entrevista ao Programa Bem Viver desta segunda-feira (2), Eduardo Suplicy conta sua experiência com o tratamento, fala dos passos para a regulamentação do uso terapêutico e medicinal da maconha para melhorar a qualidade de vida das pessoas e defende que as universidades públicas brasileiras possam realizar pesquisas que aprofundem os estudos sobre a planta.
A edição do Bem Viver desta segunda (2) pode ser ouvida no player acima. Diariamente, o programa vai ao ar na Rádio Brasil Atual (98.9 FM - Grande São Paulo), de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h.
Confira a entrevista na íntegra:
Brasil de Fato: Senador, a gente vem acompanhando as repercussões que aconteceram há alguns dias a partir da declaração que o senhor fez, sobre o seu diagnóstico da doença de parkinson e do uso que o senhor está fazendo da cannabis medicinal, ou seja, do óleo que é extraído da maconha para o tratamento dessa, mas também de outras doenças e condições de saúde da população.
Sendo assim, ao seu ver, qual a importância para a sociedade brasileira, de um processo de regulamentação, tanto da produção, quanto também do consumo da maconha, para fins terapêuticos e medicinais? E aí eu queria, se possível, que o senhor pudesse comentar também se isso representa o início de um processo de desarticulação da "guerra às drogas", que, na realidade, é uma guerra contra a periferia.
Olha, eu considero muito importante os avanços que têm se realizado com pesquisas seriamente efetuadas por inúmeros médicos e autoridades sanitárias, inclusive com o acompanhamento da Anvisa. E quanto aos estudos também feitos pelas associações terapêuticas, como a Flor da Vida, que existe em Franca (SP). Existem diversas outras associações pelo Brasil onde houve a autorização, pela Justiça, para que se possa haver experiências, que avalio que serão muito relevantes. E que inclusive possam, as universidades, seja a Unifesp,a Unicamp, a USP e outras nos mais diversos estados, estarem cooperando com essas entidades para se verificar quais são os efeitos efetivos da cannabis medicinal para o tratamento das mais diversas doenças.
Eu acho que já faz um pouco mais de quatro anos, que conheci a senhora Cidinha Carvalho, que tem uma filha com a doença de Dravet e que sofria muito desde os cinco até os 11 meses, coisa assim. Ela teve mais de 600 crises. Mas quando chegou aos 10 anos de idade, passou a fazer um tratamento com a cannabis, e atualmente ela é a primeira mãe no estado de São Paulo com autorização na Justiça para plantar a cannabis nasua casa e prover as gotas de cannabis, seja para sua filha, seja para outras pessoas.
Em julho passado, eu fui fazer uma visita à Flor da Vida, ali em Franca. Eles têm três unidades diferentes, uma delas é onde eles recebem as pessoas que precisam de tratamento e eu pude visitá -las lá, fiquei uma tarde inteira lá e depois na manhã seguinte voltei e pude ouvir o depoimento das mães de crianças com três, quatro, cinco, seis anos de idade que deram o seu testemunho sobre a notável melhoria na qualidade de vida de crianças, por exemplo, com o autismo ou outras doenças que, graças à cannabis, puderam muito melhorar a sua qualidade de vida.
Eu, próprio, tendo melhor conhecimento de todas essas possibilidades, também me submeti ao tratamento do Dr.Francisney Nascimento, que inclusive é um dos principais diretores da Unila, a Universidade Latino-Americana. E também tenho estado com a Dr. Luana Oliveira, que tem receitado para mim os remédios em quantidades módicas pequenas. Por exemplo, atualmente eu estou tomando cinco gotas de manhã, cinco gotas de tarde e oito gotas à noite, porque, ao final do ano passado, comecei a sentir uma dor muscular na perna e um certo tremor de dedos na minha mão, e agora as coisas estão melhores. A dor na perna sumiu, e o tremor nas mãos também diminuiu.
Então eu avalio que estes médicos e minha médica estão agindo com muita seriedade de propósitos, e eu espero poder estar bem de saúde por muito tempo, inclusive para poder ver realizado este que é um dos principais objetivos de minha vida, que é ver a implantação da Renda Básica incondicional para todas as pessoas no Brasil, suficiente para atender as necessidades vitais de cada pessoa, de cada ser humano.
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Senador, [...] o senhor diria que a regulamentação do uso terapêutico da cannabis medicinal diz respeito a uma maior qualidade de vida para a população brasileira?
Sem dúvida! Ainda nesta semana, na última terça-feira, houve uma audiência pública na Câmara dos Deputados, presidida pela deputada Talíria Petrone, com uma presença muito grande de associações, de especialistas, de pessoas inclusive que esperam [a regulamentação]. E ao final foi aprovado um documento que foi encaminhado ao presidente Arthur Lira, da Câmara dos Deputados, para que ele logo coloque em apreciação e votação o PL 399, que foi objeto de um recurso da bancada conservadora e ficou parado por um bom tempo. Mas acredito que agora, com toda esta movimentação, este projeto poderá ser apreciado, aprovado e encaminhado ao Senado, onde poderá ser ainda mais aperfeiçoado. E lá no Senado Federal há também um projeto do senador Paulo Paim para também facilitar mais as pesquisas e a utilização da cannabis para fins medicinais.
Senador, qual é a importância desse passo da descriminalização da produção e do consumo para um processo, querendo ou não, de desarticulação da guerra às drogas? Na visão do senhor, isso está associado?
Olha, eu acho que é muito importante que nós tenhamos o conhecimento muito claro de como a cannabis medicinal pode melhorar muito a qualidade de vida das pessoas. E avalio que essa questão daguerra às drogas precisa ser melhor identificada pela população.
Bom, agora a gente vai partir para a renda básica. Na visão do senhor, quais os principais desafios que estão colocados para que a gente já possa ter a implementação da renda básica, que já é uma lei, ainda neste governo do presidente Lula?
Então, eu estou sugerindo ao governo do presidente Lula, aos ministros Fernando Haddad, Wellington Dias, Simone Tebet, Silvio de Almeida, Alexandre Padilha, que venham a formar um grupo de trabalho para estudar quais são as etapas em direção à universalização da renda básica de cidadania.
A lei 14.601, de 19 de julho de 2023, assinada pelo presidente Lula e por esses ministros, diz que o Auxílio Brasil foi extinto e, assim, é reinstituído o programa Bolsa Família. E está definido que o programa Bolsa Família constitui uma etapa gradual da implementação da universalização da renda básica de cidadania.
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Então é o reconhecimento de que nós precisamos, sim, colocar em prática o que foi a lei 10.835, de 2004. Essa lei institui [o projeto da Renda Básica] por etapas, a critério do poder Executivo, começando pelos mais necessitados, até que todos venhamos a receber a renda básica. Até os que temos mais. Mas, neste caso, os que temos mais, contribuiremos para que nós próprios e todos os demais venham a receber. E aí com todas as vantagens de eliminar toda e qualquer burocracia envolvida em ter que saber quanto cada um ganha. E é do ponto de vista da dignidade e da liberdade dos seres humanos que nós vamos obter as maiores vantagens. E eu tenhoa convicção de que o presidente Lula poderá efetivar este objetivo, inclusive, com a cooperação deste grupo de trabalho.
Eu estou sugerindo, inclusive, que o ex-candidato a presidente da República, ex-governador do Ceará, ex-ministro da Fazenda e da Integração Nacional do governo do presidente Lula, Ciro Gomes, venha a ser parte. Convidei para ser parte deste grupo de trabalho e ele aceitou tal sugestão.
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Edição: Rodrigo Chagas