LUTA POR TERRA

Defensoria Pública vai analisar possível regularização fundiária da ocupação 29 de Janeiro, em Curitiba

Em visita ao local nesta quarta (27), o defensor público Rodrigo Zanetti escutou demandas como saneamento e iluminação

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Ocupação 29 de Janeiro abriga 73 famílias no Bairro Uberaba, em Curitiba (PR) - Pedro Carrano

Numa roda que marcava o encontro entre moradores e defensor público, na noite do bairro Uberaba, em Curitiba (PR), num enclave entre a linha do trem e a avenida Comendador Franco, ocupantes da área 29 de Janeiro apresentavam suas demandas e seus anseios.

"Eu pagava R$ 800 de aluguel e não tinha mais condições", afirmou uma das 250 moradoras do local.

Na noite desta quarta-feira (27), a ocupação mantida há dois anos e que hoje reúne 73 famílias recebeu a visita de Rodrigo Zanetti, representante da Defensoria Pública da União.

No encontro, o defensor público sinalizou para as famílias a possibilidade de um processo de regularização fundiária, uma vez que a área pertence à União e estava abandonada. A caminhada para isso se iniciaria com a resolução de direitos básicos apontados pela comunidade.

O fortalecimento da organização local já está acontecendo. Formada por jovens lideranças, que integram a campanha Despejo Zero, a 29 de Janeiro conta com uma associação de moradores recém-construída, onde já ocorrem cursos de alfabetização e de reforço escolar, com apoio de organizações parceiras, como é o caso da Marmitas da Terra.

A associação realizou, também, dossiê completo sobre a construção da comunidade desde o início, além de avançarem em ideias ambientais e ecológicas.

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Contra o abandono

Os problemas? Os básicos. Presentes em qualquer área de ocupação. Na conversa entre defensor público e moradores, a comunidade elenca a necessidade de postes de luz e iluminação local, uma vez que a comunidade se localizada em um descampado ao lado do parque Memorial do Rio Iguaçu. Saneamento e contenção de cheias foram iniciados pela comunidade e precisam de um reforço, bem como de asfalto na rua da frente.

“Aqui era o lixão e local de abandono de cães. Os cães são abandonados na região para morrer na linha do trem. Até hoje é assim, infelizmente”, lamenta Daniel Igor Nascimento da Silva, integrante da associação de moradores.

O defensor público da União que atua no Paraná comprometeu-se a apresentar a demanda das famílias para a Defensoria Pública do Estado, com quem deve fazer a próxima visita à área.

"Temos que buscar avançar em questões que melhorem aqui para vocês. Ninguém pode ser removido daqui, não temos conhecimento de ação nesse sentido. É importante ir trabalhando aos poucos para urbanização, passando a ser uma área consolidada, pra avançar na regularização. Na Defensoria, trabalhamos com outras comunidades, com o MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra], comunidades indígenas e quilombolas", defendeu Zanetti no encontro.

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A ausência de iluminação pública no local torna a área extremamente escura à noite, apontam lideranças para o defensor público / Pedro Carrano

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Professora Josete: "lideranças sérias"

Presente no encontro, a vereadora de Curitiba Professora Josete (PT) ressaltou a importância da experiência organizativa da comunidade. “Aqui é uma comunidade que tem líderes muito sérios, que tem compromisso com o coletivo. As pessoas conseguem organizar sua vida a partir de um terreno, melhorando. As lideranças têm nos procurado, conseguimos fazer ponte com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, entendemos que nós fazemos parte do ambiente e precisamos manter o ambiente saudável para nós mesmos”, detalha a vereadora.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Lucas Botelho