Na última terça-feira (26), em depoimento à Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) que investiga atos golpistas, o general Augusto Heleno afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro sempre teve intenção de jogar "dentro das quatro linhas da Constituição", e também desconhecer a minuta golpista.
Para analisar como foi o depoimento do general, o programa Central do Brasil desta quarta-feira (27) conversou com Marina Slhessarenko Barreto, pesquisadora do Núcleo Direito e Democracia do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP) e do LAUT (Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo).
Heleno disse que Mauro Cid não era relevante para Jair Bolsonaro, ressaltou a especialista. “Que ele não participava de reuniões com a alta cúpula do exército. Então ele tentou pintar uma cena de que Mauro Cid não era relevante para qualquer desmando do presidente Jair Bolsonaro.”
Para a cientista política, o silêncio de Heleno sugere que ele não quer se incriminar. “Ele deixou no ar respostas sobre as questões mais relevantes, enquanto respondeu que estava do lado do presidente, que queria jogar dentro das quatro linhas da Constituição.”
Chamou muito a atenção o destempero do general em vários momentos.“Ele soltou vários palavrões e foi censurado justamente por isso. Ele já é conhecido por esse estilo absolutamente agressivo. Inclusive que tem um desrespeito de gênero bastante relevante, porque o tratamento que ele deu às mulheres foi muito diferente do tratamento que ele deu aos homens, que não soltou nem um palavrão com um homem. Diferente do que fez xingando a Eliziane Gama.”
Tais comportamentos vêm sendo alvo de preocupação dos militares. “Isso é um sinal de que as forças armadas estão bastante desgastadas e estão preocupados com isso, tanto que na segunda-feira o general José Múcio Monteiro se reuniu com o Randolfe Rodrigues, líder do governo no Senado, e comandantes das Forças Armadas, para justamente falar que está muito desgastante. O que também está alinhado com a recente declaração do Arthur Maia, presidente da CPMI falando justamente como os trabalhos já estão se encerrando e que é preciso livrar os militares.”
A previsão de entrega do relatório desta CPMI é dia 17 de outubro e o presidente Arthur Maia já disse que vai priorizar os requerimentos que levem os financiadores para depor. Ainda assim a pesquisadora vê interesses distintos a serem seguidos pelo presidente da CPMI e pela relatora Eliziane Gama ao final da Comissão.
“Maia quer punir logo os militares que são golpistas e recuperar a confiança na classe. A senadora Eliziane Gama tem uma postura mais combativa, ela já ventilou para imprensa justamente tentar compartilhar dados da delação do Cid com a CPMI. Tem um relatório para ser entregue bastante importante e já tem duas oitivas marcadas, do Alan do Santos e do ex-ministro da defesa Walter Braga Netto.”
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Edição: Rodrigo Durão Coelho