Dois homens bolsonaristas invadiram o campus de Osasco da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), na última quarta-feira (20), e destruíram um painel que fazia parte da instalação “Unifesp mostra sua arte”, que tinha imagens da vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em março de 2018.
Usando tinta branca, os bolsonaristas pintaram os murais da instalação. Quando os alunos do curso de Relações Internacionais notaram, todo o mural já estava coberto de branco.
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“Eles indagaram que, se havia imagens de personalidades ali, porque não havia ali uma imagem do [ex-presidente] Jair Bolsonaro”, conta o professor Rodrigo Medina Zagni, chefe do Departamento de Relações Internacionais da Escola Paulista de Política da Unifesp.
“A base que deu apoio ao bolsonarismo independe do Bolsonaro, outras lideranças podem se aproveitar dessa base, ela continua ativa. Neste caso, esses dois podem usar essas imagens para se promoverem nas próximas eleições”, alerta Zagni.
A Polícia Militar foi chamada ao campus da universidade e, apesar das evidências e do muro com tinta fresca, recusou-se a levar os bolsonaristas para a delegacia. Sobre a recusa da PM, o Brasil de Fato procurou a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), que não respondeu até o fechamento desta matéria. Caso o faça, o texto será atualizado.
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Nesta sexta-feira (22), a universidade registrou um boletim de ocorrência contra os dois bolsonaristas.
Os autores da depredação do patrimônio da universidade confessaram em suas redes sociais que pintaram os murais e atacaram as personalidades homenageadas na instalação. “Alguém avisa que a Marielle morreu”, fala um dos bolsonaristas, antes de pintar o mural.
Uma semana antes, os dois homens estiveram no campus de Guarulhos da Unifesp. Porém, não conseguiram vandalizar as dependências da universidades, pois foram impedidos por alunos. Entre os alvos, estava uma pintura do rosto do filósofo Karl Marx.
Para evitar dar visibilidade aos autores – confessos – da depredação do mural da universidade, o Brasil de Fato não divulgará a identidade e as redes sociais dos bolsonaristas.
Edição: Rodrigo Chagas