A baixa audiência do desfile de 7 de Setembro, na Esplanada dos Ministérios, confirmou o esfriamento na relação da população com os militares. Mesmo com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o público ficou aquém de outras edições, principalmente do ano passado, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ensaiou um discurso golpista e se autoproclamou “imbrochável.”
Pesquisa realizada pela Genial/Quaest, em 24 de agosto deste ano, mostra que apenas 33% da população afirma “confiar muito” nas Forças Armadas. O Instituto havia feito a mesma pesquisa em dezembro de 2023 e 43% dos entrevistados diziam “confiar muito” nos militares.
A queda abrupta, flagrada nas ruas de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, durante o desfile oficial de 7 de setembro, tem relação direta com a tentativa de golpe de 8 de janeiro deste ano, segundo Suzeley Kalil, professora de Relações Internacionais da Unesp e e do Programa de Pós-Graduação “San Tiago Dantas.”
“Houve um recuo no entusiasmo da população com os militares, algo que teve seu auge na eleição do Bolsonaro. Acredito que a população já não vê as Forças Armadas como uma instituição competente para lidar com questões que não lhe dizem respeito e notaram que os militares representam uma força conservadora que deve retornar aos quartéis”, explicou Kalil.
Na última quarta-feira (6), em pronunciamento à nação, Lula pregou respeito com a data e as diferenças política. “Amanhã não será um dia nem de ódio, nem de medo, e sim de união. O dia de lembrarmos que o Brasil é um só. Que sonhamos os mesmos sonhos. Que podemos ter sotaques diferentes, torcer para times diferentes, seguir religiões diferentes, ter preferência por este ou por aquele candidato, mas que somos uma mesma grande nação, um único e extraordinário povo. Em apenas oito meses, recolocamos o Brasil no rumo da democracia, da soberania e da união. Do desenvolvimento econômico com inclusão social.”
Hoje, em Brasília, o público era formado majoritariamente por apoiadores de Lula que foram ver o presidente durante o desfile. Nas arquibancadas, gritavam o nome do mandatário, mesmo antes do evento, e ignoravam o alto comando das Forças Armadas.
O governo distribuiu bandeiras do Brasil e acessórios nas cores verde e amarelo, símbolos que haviam sido sequestrados pela extrema-direita durante o governo de Jair Bolsonaro.
Edição: Monyse Ravena