No Brasil, 36 milhões de pessoas não têm acesso à internet, o dado é da pesquisa TIC Domicílios de 2022. A região Sudeste possui o maior número de pessoas sem internet, com 42%, já a região Nordeste aparece em segundo lugar com 28% dos casos. Ainda segundo o levantamento, pessoas com 60 anos ou mais e pessoas negras são os maiores percentuais sem acesso à internet no país.
Outros grupos excluídos digitalmente são as pessoas que estudaram até o ensino fundamental e as classes D e E.
Rodolfo Adelino compõe o Coletivo Digital, organização que trabalha pela inclusão digital, e lembra que o acesso à internet é um direito humano declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que a exclusão digital não só é um reflexo da desigualdade socioeconômica, mas também contribui para seu agravamento.
“As pessoas que estão nas regiões periféricas, nas regiões mais remotas, são as principais pessoas fora da inclusão digital e isso é preocupante porque hoje você um governo cada vez mais eletrônico em que para que você possa ter acesso aos benefícios, aos direitos tem que ter acesso à internet. Quando você vai solicitar um auxílio, a sua aposentadoria você tem que acessar de forma eletrônica”, explica.
Adelino afirma que além do acesso à internet, é necessário que as pessoas sejam instruídas a usar o meio digital de forma segura. “A partir do momento que as pessoas não sabem lidar com os aparatos tecnológicos ficam vulneráveis para os mais diversos tipos de fraudes e crimes digitais”, acrescenta.
Dados móveis
Outro dado importante apontado pela pesquisa é de que, entre os usuários, a maioria (62%) acessa à internet apenas pelo celular. É o caso da Josilene Lima da Costa, de 48 anos. Atualmente, ela está desempregada e conta que não consegue contratar um plano de internet para sua casa por conta dos preços altos.
“Tenho muita dificuldade pela questão do meu celular ser pré-pago, tenho que ficar fazendo recarga e isso gera um gasto muito grande. A minha vizinha me empresta o wifi, mas a rede fica fraca, fica caindo então, às vezes, eu perco trabalho e em reuniões tenho que ficar saindo e entrando várias vezes por causa do sinal”, conta.
Para Josilene, o ideal seria “que em cada local de baixa renda houvesse um projeto do governo de instalação de internet grátis ou pelo menos com um valor acessível pois isso seria muito importante para que o acesso não fosse apenas superficial”.
Flávia Lefèvre é advogada e integrante da Coalizão Direitos na Rede e conta que o acesso à internet por redes móveis é classificado como um nível não significativo, o que acaba expondo a desigualdade no país.
“Você tem um contingente imenso da população com acesso precário, porque pelo celular, por exemplo, você não consegue ler um texto integralmente, marcar, fazer observações, você tem limite de capacidade de memória, limita assistir streaming, aulas. Às vezes tem uma família inteira para dividir um plano de dados que já é limitado”, diz.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Mariana Pitasse