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Dias de frio e calor atípicos? Brasil tem tecnologia de gerenciamento mas vive 'política do desastre ambiental' e coleciona tragédias

Pesquisador defende que prevenção climática deve ser transformada em ação de governança no país para a gestão de risco

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Quase 60 pessoas morreram e milhares ficaram desabrigadas em São Sebastião - Foto: Agência Brasil/ Rovena Rosa

As oscilações de temperatura no mês de agosto deixaram dúvidas se estamos no inverno, como previsto no calendário, ou no verão, devido as altas dos termômetros registrados de maneira atípica para esse época do ano. Por trás dessas oscilações existem fenômenos ambientais que preocupam especialistas. O Bem Viver desta segunda-feira (28) conversou com o geógrafo Diosmar Filho, pesquisador  da Associação de Pesquisa Iyaleta, que coordenou o projeto Amazônia Legal Urbana - Análises Socioespaciais de Mudanças Climáticas. Ele destaca mudanças que vão além da temperatura, como a diminuição do nível de água no canal do Panamá, que impactou diretamente no trânsito de mercadorias de maneira global.

"Estamos falando do El Niño, mas queremos compreender como esse fenômeno se torna cada vez mais crítico. E isso implica em condições de saúde que vivem na cidade diretamente", explica Diosmar. 

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O jornalista Lucas Weber lembrou da tragédia em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, que deixou desabrigados e mortos no início do ano em mais um desastre ambiental evitável através de políticas públicas de prevenção climática. "Se o Instituto Nacional de Metereologia emitiu um alerta de chuva densa e a gente não quer sacrificar o carnaval, isso se chama crime e a gente não está tratando assim. Uma coisa é você dizer que foi surpreendido em países que não tem um sistema de alerta como o Brasil. Outra coisa é as pessoas serem deixadas naquele local onde a infraestrutura e as condições de acesso são precárias", aponta o pesquisador e menciona que "as pessoas que construíram suas casas de veraneio com uma boa drenagem, uma boa infraestrutura, conseguem sair dessa situação com vida, mas as pessoas que ocupam áreas de mananciais porque não tem outro terreno público para viver de maneira decente, essas vão ter outro fim. A questão não é o morro, é o racismo ambiental."

O pesquisador argumenta que o recurso que deveria ser usado para a prevenção apenas remedia os impactos que a população dessas regiões, de maioria negra, sofrem. 

Pela Associação Iyaleta - Pesquisa, Ciências e Humanidade, Diosmar contribuiu com a nota técnica que aponta que é necessário contribuir com estratégias de adaptação climática que eliminem as desigualdades urbanas e rurais, principalmente no Norte e Nordeste do país. "Revisar um Plano Nacional de Habitação não pode ser conveniente com governança de desastre. A gente precisa trabalhar por prevenção climática, pegar gestores públicos e a sociedade para investir em prevenir para que as pessoas não morram ou sejam desalojadas. É inverter a ordem.", finaliza.

Reparação e punição 

No dia 8 de janeiro de 2023 apoiadores de Jair Bolsonaro invadiram e depredaram a sede do Três Poderes em Brasília. Depois do ocorrido foi criada a CPMI do 8 de janeiro para investigar esses ataques golpistas.

Central do Brasil conversou com Jorge Rodrigues, do Instituto Tricontinental sobre a imagem das forças armadas diante dos atos golpistas. "A gente tem a exposição da instituição forças armadas. É inegável que os militares brasileiros encamparam o bolsonarismo e participaram do governo, pelos crimes que cometeram e o envolvimento no genocídio. A CPMI dá uma perspectiva que agora eles serão punidos pelos crimes que cometeram nesse período", analisa Rodrigues. 

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O pesquisador defende que o militarismo é um elemento de violência estrutural no país e precisa ser mitigado da maneira que está colocado. 

"Quando um professor faz greve, a arma dele é um lápis e conhecimento, mas quando um militar faz greve, a arma dele é um tanque. As condições dos atores sociais que a gente está tratando não são iguais, então é um problema absoluto para a democracia brasileira." 


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Edição: Camila Salmazio