Na próxima quinta-feira (24), data em que a morte do advogado e abolicionista Luiz Gama completa 141 anos, os movimentos negros realizam, em 34 cidades, a Jornada Nacional de Luta Pelas Vidas Negras. Os atos desta quinta marcarão o início de uma jornada de lutas que terá atividades até 20 de novembro, dia da consciência negra.
A mobilização é uma resposta aos episódios mais recentes de violência policial e assassinatos de pessoas negras, como o do adolescente Thiago Menezes Flausino, de 13 anos de idade, morto a tiros em uma operação na Cidade de Deus, na zona Oeste do Rio de Janeiro, no dia 7 de agosto. Somente no fim de julho e início de agosto, a violência policial matou, pelo menos, 32 pessoas na Bahia, 20 em São Paulo e 10 no Rio de Janeiro.
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O movimento ressalta que a postura violenta das forças de segurança estaduais tem espalhado terror em milhares de comunidades e favelas de periferias urbanas do país. O mote usado pela jornada é: “Pelo fim da violência policial e de estado, nossas crianças e o povo negro querem viver! Chega de Chacinas!”
Entre as principais reivindicações da mobilização estão a defesa de uma lei federal que regulamente o uso das câmeras nos uniformes dos policiais, uma política nacional de drogas e o fim das operações policiais invasivas nas periferias sob o pretexto de combate ao tráfico de drogas. A pauta tem como precedente a ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 635, conhecida como a "ADPF das Favelas", que tinha como objetivo limitar as operações policiais no Rio de Janeiro.
Mãe Bernadete
A Jornada Nacional de Luta Pelas Vidas Negras também pede por justiça para Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete. A líder do Quilombo Pitanga de Palmares, localizado no município de Simões Filho, na região metropolitana de Salvador, no estado da Bahia, foi brutalmente assassinada na noite da última quinta-feira (17), dentro de casa e diante dos netos. Mãe Bernadete era integrante da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ) e ex-secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho.
No Rio de Janeiro, o ato está marcado para às 16h, na Cinelândia, no centro da capital fluminense. De acordo com a Agência Brasil, a organização ainda faz ajustes para definir protestos nos estados do Rio Grande do Sul, Pará, Piauí, Maranhão e Bahia.
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Entre as mais de 250 entidades que organizam a jornada estão Movimento Negro Unificado (MNU), Agentes de Pastoral Negros do Brasil, Associação de Mães e Familiares de Presos e Presas (Amparar), Frente Nacional de Mulheres do Funk, Geledés – Instituto da Mulher Negra, Unegro, Conen e Uneafro Brasil.
Edição: Jaqueline Deister