O chefe de gabinete do secretário-geral da Otan, Stian Jensen, declarou nesta terça-feira (15) que a Ucrânia pode ingressar na Otan como moeda de troca se ceder territórios à Rússia. O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia rechaçou a proposta prontamente.
"Acho que a solução pode ser a Ucrânia desistir de territórios e obter a adesão à Otan em troca", disse Jensen, citado pelo portal norueguês Verdens Gang.
Stian Jensen enfatizou que agora há avanços significativos na questão da futura adesão da Ucrânia ao bloco militar ocidental. Ao mesmo tempo, ele observou que a concessão de regiões à Rússia poderia se tornar uma das formas possíveis de um acordo entre as partes em conflito.
O chefe do gabinete acrescentou ainda que a questão da transferência de territórios já foi levantada na organização. Segundo ele, todos estão interessados em garantir que o conflito militar no Leste Europeu não se repita.
"Não estou dizendo que tem que ser assim. Mas pode ser uma solução possível [...] A Rússia está passando por enormes dificuldades militares e parece irreal que seja capaz de capturar novos territórios. Agora é mais sobre o que a Ucrânia será capaz de recuperar", afirmou Jensen.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, solicitou a adesão acelerada da Ucrânia à Otan em 30 de setembro de 2022. Na cúpula da Otan em Vilnius, em julho, os países participantes da aliança concordaram em simplificar o processo de entrada da Ucrânia no bloco, mas não houve decisão sobre um prazo para um convite concreto ao país.
Em particular, durante a cúpula, o secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg, disse que esta questão sobre o possível ingresso da Ucrânia na organização perderá relevância se Kiev não obter vitória na guerra com a Rússia.
Ucrânia rechaça sugestão
Ao comentar a declaração do chefe do gabinete do secretário-geral da Otan, o representante do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, rechaçou a declaração, classificando a sugestão como "inaceitável".
"Falar sobre a entrada da Ucrânia na Otan em troca de desistir de parte dos territórios ucranianos é absolutamente inaceitável. Sempre partimos do fato de que a aliança, como a Ucrânia, não comercializa territórios", escreveu Nikolenko em publicação no Facebook.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia acrescentou que a participação "consciente ou inconsciente" dos oficiais da Otan na formação de tal narrativa "faz o jogo da Rússia".
"É do interesse da segurança euro-atlântica discutir maneiras de acelerar a vitória da Ucrânia e sua adesão plena à Otan. Estamos empenhados em aprofundar a cooperação frutífera com o Secretariado da Otan para atingir esses objetivos", acrescentou.
Já o assessor do chefe do gabinete do presidente da Ucrânia, Mikhail Podolyak, declarou que as palavras de Stian Jenssen "se encaixam claramente na lógica do cenário de 'congelamento' do conflito tão desejado pela Rússia".
Edição: Rodrigo Durão Coelho