Em agenda no Rio de Janeiro para anunciar investimentos em mobilidade urbana na cidade, o presidente Lula (PT) surpreendeu ao recriar a pose icônica da cantora Anitta na capa de "Girl From Rio". Ao lado do prefeito Eduardo Paes (PSD), Lula posou em frente a um ônibus do BRT para divulgar que R$ 2 bilhões em recursos federais serão utilizados para compra de cerca de 700 ônibus do modal.
Com o letreiro "Lula from Zona Oeste", o presidente selou a parceria com a prefeitura do Rio em cerimônia no estádio Ítalo Del Cima, em Campo Grande, bairro mais populoso do país, nesta quinta-feira (10). Além da aquisição de mais ônibus, a verba federal contempla obras de requalificação do corredor Transoeste e a construção de terminais e garagens públicas.
Os investimentos foram adquiridos por meio de operações de crédito com o Banco do Brasil, no valor de R$ 1,2 bilhão, e com a Caixa Econômica Federal, de mais R$ 645,9 milhões. Por meio do BNDES, a União aportará R$ 702,7 milhões no projeto.
"A prioridade é melhorar a vida do povo trabalhador desse país, das pessoas mais necessitadas", afirmou Lula, que posou com um dos novos ônibus “amarelinhos” do novo sistema BRT.
"Lula From Rio"
Os memes são uma espécie de representação da sociedade e são originários do termo “mimese”, que significa repetição. Um exemplo é a imagem da capa de "Girl from Rio", que viralizou como meme nas redes sociais. Diversos usuários reproduziram a estética da imagem após o lançamento da canção em 2021.
O hit da cantora pop Anitta usa um remix do clássico "Garota de Ipanema" para desconstruir a imagem de que o Rio de Janeiro se resume a zona sul. A canção apresenta a cultura do subúrbio carioca com um clipe gravado no Piscinão de Ramos, uma área de lazer popular na zona norte.
A linguagem dos memes é nativa da internet, e tem sido amplamente usada para disputar a opinião pública sobre assuntos importantes do cotidiano e da política, não só no Brasil. Um relatório global de inteligência de mídia, publicado pela agência e-Market, revela que 28,7% dos usuários de redes sociais seguem páginas de memes.
Para Paulo Loiola, estrategista político e um dos fundadores da Baselab, primeira agência de marketing no Brasil voltada para o campo progressista, ainda há resistência de parte da esquerda em trabalhar com outros formatos dentro da comunicação.
"Enquanto na direita você tem o MBL que é extremamente organizado e usa muito essa linguagem [dos memes], a esquerda trabalha em outra escala. As grandes páginas de memes na internet são de fato progressistas, mas não tem um objetivo diretamente ou necessariamente político. É uma galera que faz porque acredita, mas não tem um projeto político por trás. Diferente do MBL que quer eleger pessoas, atuar na institucionalidade política. Essa é a diferença", analisa Paulo Loiola.
Especialista em marketing político e mestre em gestão de políticas públicas, Loiola defende que o meme é uma ferramenta de linguagem que poderia ser melhor utilizada no governo federal para descomplicar temas difíceis como inflação e metas econômicas.
"Às vezes é partir do meme que as pessoas ficam sabendo sobre algo do noticiário que jamais chegaria nela de outra forma. Então elas vão atrás de entender para se manter dialogando com a comunidade", explica.
Apesar da resistência, o uso da linguagem dos memes tem chegado às páginas até dos políticos mais tradicionais. É o caso do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que utilizou a imagem de um Pikachu verde e amarelo, personagem do desenho japonês Pokémon, para anunciar a isenção de vistos para turistas entre os países.
Edição: Mariana Pitasse