O jovem Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, morreu baleado durante uma operação da Polícia Militar (PM) na Cidade de Deus, na zona Oeste do Rio de Janeiro, na madrugada desta segunda-feira (7). Durante a ação, nenhum dos agentes do Batalhão de Choque usava câmera no uniforme. Moradores acusam a PM pela morte.
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Segundo o Instituto Fogo Cruzado, já são 47 adolescentes e crianças baleados neste ano na região metropolitana, dos quais 21 morreram. Na porta do Instituto Médico Legal (IML), a mãe e uma tia de Thiago Menezes falaram que "a família está muito abalada com o fato de acusarem uma criança de ser envolvida com o tráfico".
Isso porque nas redes sociais, a PM disse que "um criminoso ficou ferido ao entrar em confronto" com policiais do Batalhão de Polícia de Choque (BPCHq) e com ele teria sido apreendida uma arma de fogo. Depois, em nota, a corporação afirmou que policiais que realizavam o policiamento foram atacados a tiros por "dois homens em uma motocicleta".
"Após confronto, um adolescente foi encontrado atingido e não resistiu aos ferimentos. Uma pistola calibre 9mm foi apreendida no local. A área foi isolada e a Delegacia de Homicídios da Capital acionada", informou o texto.
As câmeras portáteis nas fardas dos policiais poderiam ajudar a identificar o autor do disparo. Porém, a PM não justificou a ausência do equipamento na operação que vitimou o adolescente na Cidade de Deus nesta segunda (7). Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar disse que "até o final deste ano, 13 mil câmeras deverão estar em operação em todas as unidades, inclusive nas subordinadas ao Comando de Operações Especiais (COE)".
A família de Thiago Menezes disse que o menino era um adolescente como outro qualquer, que gostava de cantar e sonhava em ser jogador de futebol. "Quando cheguei ele já estava estirado no chão com um lençol em cima. Uma criança indefesa, magra, não oferecia perigo a ninguém, não era traficante. Era uma criança que gostava de jogar bola", contou a mãe.
Um ato em memória do adolescente está marcado para acontecer às 19h na Cidade de Deus. "Mais um sonho interrompido pelo despreparo da polícia", diz o chamado por justiça. A PM instaurou procedimento interno para apurar as circunstâncias da morte e disse que colabora integralmente com as investigações da Polícia Civil.
Edição: Clívia Mesquita