As ministras do Meio Ambiente do Brasil, Peru e Colômbia sinalizaram que o abandono da exploração de petróleo da Amazônia não deverá constar do acordo entre presidentes que participarão da Cúpula da Amazônia, que começa na terça-feira (8).
Sem fazer afirmações categóricas sobre o conteúdo dos acordos, as autoridades concederam entrevista coletiva neste domingo (6), no último dia dos Diálogos Amazônicos, evento com movimentos sociais que antecede o encontro de chefes de Estado.
A chefe da pasta ambiental colombiana adiantou que o consenso já estabelecido entre os oito países da bacia Amazônica é evitar o chamado ponto de não retorno, quando a floresta estará tão degradada que já não poderá mais se regenerar.
“Não estou segura de que se possa chegar a um acordo [entre presidentes sobre a exploração de Petróleo na Amazônia]. Não é tão fácil, afirmou Susana Muhamad, da Colômbia.
A afirmação foi feita em entrevista coletiva durante o Diálogos Amazônicos, evento com ampla participação de movimentos sociais que antecede o encontro de chefes de Estado da Bacia Amazônica.
Diálogos amazônicos rejeitam petróleo
Pelo lado brasileiro, Marina Silva reiterou que evitar o ponto de não retorno é o ponto de consenso. Ela lembrou que os países têm posições divergentes sobre o petróleo, embora a exploração seja rechaçada por populações tradicionais e cientistas.
“Os movimentos sociais fizeram a sua parte [em rejeitar o petróleo na Amazônia]. Onde há o déficit de implementação? Nos governos e nas empresas”, declarou Marina na entrevista coletiva.
O Peru, que criou o ministério do Meio Ambiente só em 2008, sofre com as consequências da extração de petróleo. O país convive com vazamentos de óleo que afetam frequentemente comunidades indígenas e pesqueiras.
“Temos muitos passivos ambientais, tanto de hidrocarbonetos quanto de mineração aos quais temos que responder”, disse a ministra do Meio Ambiente peruana, Albina Ruiz.
A fala das ministras com os jornalistas foi precedida de um protesto contra exploração de hidrocarbonetos na Foz do Amazonas. O ato organizado por ambientalistas tomou a plenária principal do Hangar, centro de eventos onde ocorrem desde sexta-feira (4) os Diálogos Amazônicos.
Cientistas que se debruçam sobre a crise climática rechaçam de forma unânime a retirada de petróleo na Amazônia. Lideranças e organizações indígenas, quilombolas e de pescadores reclamam que não têm sido consultados sobre os impactos significativos que a atividade leva aos territórios.
Petróleo na Amazônia não é consenso entre países
O tema da exploração do Petróleo divide os governantes dos países amazônicos.
De um lado, Brasil e Venezuela têm grandes reservas de hidrocarbonetos no bioma e não falam em abandonar a atividade. A Foz do Amazonas é a principal frente de expansão petrolífera da Petrobras.
Recentemente foram descobertas reservas de petróleo em outros dois países que participarão da Cúpula da Amazônia, Guiana e Suriname, que apostam no combustível fóssil como motor do desenvolvimento econômico.
No caminho oposto, a Colômbia anunciou uma medida drástica no início do ano: o fim da concessão de novas licenças para exploração de petróleo. O presidente Gustavo Petro disse que a medida é o primeiro passo para fazer a transição enérgica para uma matriz baseada em fontes renováveis.
Edição: Daniel Lamir